INSUBMISSÃO E LIBERDADE

«Isto, logo após a proclamação da República no nosso país, regime que ajudara a implantar com os seus escritos esbraseantes, mas que desiludido começou a atacar com rara violência e desassombro, na imprensa nacional. Repetia-se com Homem Cristo o que acontecera com outro jornalista de raça, Cunha e Costa. Talvez que os motivos que levavam o moço plumitivo a essa reacção contra a República nascente, fossem aqueles que conduziram o notável advogado lisbonense aos mesmos trilhos de aberta e corajosa hostilidade à política desse tempo: «a verificação de que todos os responsáveis pela consolidação e progressos do regime outra coisa não faziam do que atraiçoar, sucessivamente, a obra da propaganda republicana; o espectáculo triste exposto aos olhos de todos no palco da vida nacional, da turbulenta campanha contra os adesivos, revestida de feroz carácter demagógico; o divórcio insofismável entre a República e o País, convertido o regime no fomento dos interesses de uma casta fechada, de uma oligarquia, de um bando de dentes vorazes e muito alimento; a reincidência por parte dos governantes de todos os erros que haviam perdido a monarquia; a entrada do novo regime numa política estouvada e sectariamente anti religiosa que a consciência pública e a razão de Estado excluía; o conhecimento de que, ao provimento de todos os cargos da República, presidiu o arranjismo, cada qual tratando de anichar, com impudor nunca igualado pela monarquia, os parentes, amigos e aderentes; a constatação de que, fazendo tábua rasa dos elementares ditames do patriotismo, os governantes democráticos pretendiam escamotear, d’emblée, oito séculos de história, assinalando por nascimento, à nação, o dia 5 de Outubro de 1910.» Cláudio Correia d’Oliveira Guimarães

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