ENFADONHO MST E MALQUERENÇA
Miguel Sousa Tavares embrulha-se com a maior das facilidades nos seus próprios argumentos e, pior, parece comprazer-se com as urdiduras minudentes com que a Lei se tece. ficamos a pensar que a linha argumentária que segue demonstra ser José Sócrates vítima de uma malquerença injustificada, injusta, exagerada. MST é mais um que não é 'povo' e pensa que o 'povo' é estúpido nos seus juízos consumados, segundo ele, somente induzidos pelos media nos seus desígnios de denegrimento de famosos e poderosos apenas por serem poderosos e famosos. MST e JPP foram separados à nascença, filhos da mesma irredutibilidade "ponto-de-vística". Esquece-se o primeiro que muito antes de todos os casos que as escutas possibilitam arrastar debalde, já um conjunto de privilegiados conhecia de perto a peçonha em concentrado que é esse alvo bimbo de todas as suspeitas. Se o Miguel, como Marinho Pinto, tanto se aplica no labirinto da lei e nos vícios procedimentais que possam ter atentado contra o bom nome e a intimidade do PM com nula ou insuficiente fundamentação, deveria fazer uma declaração de interesses do tipo: eu escrevo no sentido de defender e ilibar esse Cristo inocente da suspeita e da trapalhada chamado José Sócrates, tramado pela escassa imprensa que ainda não domina, tramado, numa insistência ad hominem, por esses pressupostos políticos subjacentes aos ataques de índole pessoal de que tem sido alvo ou cujo comportamento displicente, trapalhão, controleirista, tem possibilitado numa reincidência estranhíssima. É que não podia ser mais transparente a linha de raciocínio de MST; uma que não é isenta, uma que faz vista grossa ao conjunto de sinais preocupantes de uma tal concentração de poder jamais vista num só. Tudo indica que MST não é insensível ao lado certo da $Força$ e pessoalmente já tomou partido há muito. São milhões os que tomam partido pelos seus patrões oficiais ou oficiosos, mesmo que, com o seu ar hílare e estúpido, não passem de refinados trastes. Pagam! É tudo. É por isso que não tem limites o velho cinismo pragmático e plástico da inteligência. De resto, os heróis não cheiram bem: «Entretanto, e como vem sendo hábito, no meio de tudo isto, continua a passar-se ao lado de uma questão, a meu ver, essencial ao Estado de Direito: a banalização das escutas telefónicas. Aquilo que deveria ser um meio de investigação acessório e excepcional — pela violência que representa a devassa da intimidade da correspondência de cada um — tornou-se não apenas o meio habitual de investigação mas o principal, quando não único.» MST
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