FEITICEIROS DE ROSNA
Concertadamente, o Desprocurador e o seu Mentor Primadonna, fizeram ontem, cada qual com a sua coxa de moças desnudas dançando à Moulin Rouge, uma espécie tenaz admirável à transparência dos factos mais recentemente trazidos a público: graças ao carácter valiosíssimo das suas palavras papais, não temos de nos preocupar. Inequívocas, uma vez rosnadas, sanam completamente as nossas dúvidas ou convicções maldosas. Vara e Sócrates, por exemplo, são um casal absolutamente honesto e irrepreensível. Se os factos o não atestam, bastam-nos as suas palavras. Ouvidos o Desprocurador e o Primadonna, insiste-se em que o Povo português do que gosta é de fajutos. Reitera-se que não há nada mais edificante que ser enganado e passar adiante. Impunidade constitui o ideal nacional. Repete-se que se um conto do vigário em pequenino é encantador, à escala nacional constitui fenómeno digno de canonização. Quem canoniza o Primadonna, além do próprio Primadonna? O Desprocurador! A desonestidade bem vestida, a lógica de matilha resumida nesse grupo de Lobos, com um SIS de bolso, que tomou conta do PS e do País, deve realmente seduzir os portugueses, dada a sua trágica indolência e catastrófico alheamento. Portanto, terão os portugueses, já que assim o querem, de continuar, tal como o Desprocurador recomenda, a sugar e a engolir. Isto completamente podre tem outro encanto. Os indícios de esquema grosso viciador das últimas eleições têm a sua beleza. Que valha tudo é fantástico. Mentir pouco ou mentir por atacado não importa porque todos mentem e os que mentem melhor e mais vezes estão automaticamente perdoados nesse campeonato. Está provado que não há nada mais devastador para Portugal que um ano de legislativas, sobretudo com esta gente instalada e sem escrúpulos no que mais lhe importa enquanto sanguessuga. Essa gente devasta ainda mais as contas públicas com ajustes ainda mais directos e obscenidades ainda mais intermináveis; essa gente promiscua o partido do Governo com o governo do Partido. O Desprocurador, que aliás se torna abominável apenas por não disfarçar ser mero fantoche molusco nas mãos ocultas bonecreiras do Primadonna avisado a tempo das escutas, diz-nos que tudo isto é fado, mas não é triste. Deve continuar assim, intocável. Um dia, não muito distante, certa gentalha indecente aprendiz de feiticeira vai compreender que não se pode faltar ao respeito a um Povo demasiado traído para reagir. Um Povo que, empobrecido e explorado até aos limites da sua resistência, só não reage imediatamente por não supor nem um terço do esbulho que lhe fazem. Inexorável, a pobreza galga terreno, galopante. Tem a palavra a miséria. Ambas revolverão as pedras do caminho.
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