O AR ÉBRIO DO REGIME

À tua volta, tens o défice. O défice cerca-te por todo o lado. À tua volta, um desemprego inaudito, qualquer coisa nunca vista. O desemprego cerca-te por todo o lado. As medidas provenientes da Europa sepultam os países fracos na produção e na aselha substância política, como o nosso. Dá a impressão que não ter o peso da Alemanha ou da França nos criminaliza automaticamente. Excluindo esse álacre patrioteirismo futebolístico que andou por aí em poluções nocturnas para se esvair no embate com a selecção da Catalunha (disfarçada de espanhola) o desalento é a tónica. Cavaco, nesta história, é o tampão que impede emirja qualquer coisa de novo. Insultado, desconsiderado, visado pelas hostes socratistas, parece amedrontado com esse mesmo socratismo ébrio de quem o presidente da edilidade lisboeta é amigo, diz ter um espírito de combate, e de quem diz não terem sido provadas nenhumas das acusações (Independente, Freeport, Cova da Beira...). Pudera!, com a Justiça e os Media na mão e ultrapolitizadas, a maçã podre será sempre intocável, enquanto for (e para além de ser) Poder. Ora Cavaco pactua com este Podre Poder Ébrio, repleto de desmesuras, e dá-nos o desprazer de deixar as coisas como estão: à crise económica soma-se uma prolongada crise ética, uma degradação moral vergonhosa com origem fácil de apontar. E Cavaco, nisto, é uma esfinge triste. Como é que eu posso votar nele? E já agora, como é que Sócrates, sempre virginal e inocente, não se cala?

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