A PRESSÃO DA IGREJA

O que o Francisco Mendes da Silva escreve sobre a Igreja e sobre os Políticos não é só, resumidamente, um velho argumento maldoso e hipócrita em quarta mão. Além de o ser, não anula esta evidência: os políticos gerem impostos e recursos. Decidem a partir e de acordo com o para que são mandatados por todos. Em Portugal, traem esses princípios na medida em que têm legislado a favor da sua própria corporação e em seu próprio benefício de políticos (no activo ou reformados) desde há três décadas, evitando falar e agir com realismo e prudência aos cidadãos, num jogo modicamente limpo. Pelo contrário, a Igreja não gere impostos e o seu vastíssimo património, ao contrário das obras de arte pilhadas por prestigiados Países Ocidentais ao longo dos séculos e hoje nos respectivos museus a gerar pasmo, foi uma dádiva livre da fé dos Povos. Tem um valor simbólico, artístico e espiritual que é uma referência à Grandeza para que a Igreja antes de mais apela. Deveria ser evidenciado também que certos políticos no activo do PS-Governo vieram pôr paninhos quentes ao apelo da Igreja para que prescindam de 20% dos seus rendimentos. E vieram fazê-lo com enorme e evidente desconforto. Ouvimo-los falar dos imperativos secretos da própria consciência individual, como se efectivamente a tivessem ou a exercessem. Citaram o próprio Evangelho, «a mão esquerda e a mão direita». Basta recordar Vieira da Silva e Pedro Silva Pereira, nas suas intervenções públicas. E porquê? Porquê uma resposta tão evasiva e individualizadora da caridade e do sacrifício de abdicar do que lhes excede? Porque a verdade é que a miséria em que recaem milhares de portugueses é uma obscenidade com agentes e causadores. Miséria para cujo remédio já só existe a verdadeira partilha. Dada a gravidade do cenário,  não chega que seja voluntária. Tem de ser compulsiva sob pressão social, eclesial, intelectual, cívica. 

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