COMENTÁRIO DO SÉCULO
«A independência de espírito é uma coisa difícil de obter; e de suportar também. Toda a gente quer — num determinado momento da vida — qualquer espécia de "independência". Primeiro é preciso saber que "espécie" se deseja de facto; e porquê. Ela é desejada porque (os jovens assim julgam pensando só no dinheiro) traz liberdade. Nada mais falso. A independência é um sítio a que se chega e que se conquista. E nenhum percurso é repetível para lá chegar; não há receita. Ela é um resultado. A liberdade é uma ferramenta; apenas uma das várias usadas para chegar à independência. O arriscado ou desagradável pode justamente estar em usar essa liberdade. Em literatura, em política, na moral, na fé, em música, em engenharia, em arquitectura, em economia e finança, nos negócios, no artesanato de potes; o grande perigo e o grande risco é usar a liberdade que nos torna sós imediatamente, e que nos torna suspeitos à maioria (sempre tão segura dos seus erros e confortável em padrões conhecidos). Suportar essa pressão constante e essa hostilidade que nos rejeita não é para todos. Os que "conseguem" viver assim, tornam-se independentes — o que não é o mesmo que bem-sucedido. Trabalhar para os políticos (o estado...), depender dos políticos e "do que vão dizer de nós" tolhe qualquer um. Em Portugal quase não existem eleitores (cidadãos) independentes; todos votam a pensar no seu frigorífico e no filho, que é estúpido e preguiçoso; e na mulher, que é secretária do sr. dr. do PS, ou do PSD, ou da autarquia, ou da empresa que recebe encomenda do estado. O resultado está à vista. A independência é um perigo incontornável e uma existência incerta e incómoda. As elites fazem-se a si próprias e a pulso, enfrentando com mérito tudo e todos com obstinação; e não com lâmpadas de aviário sobre a cabeça tranquila.» Comentário transcrito, o singelo post comentado foi este.
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Ass.: Besta Imunda
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