DA LIBERTINAGEM MEDIÁTICA

A liberdade de expressão, nos países que a consentem, libertinou-se e todos corremos o risco de incorrer em ou ser vítimas de libertinagem comunicacional. Assistimos, a par de um ilimitado e bem democrático poder de disparatar, ao poder ilimitado de se ser ainda mais irrelevante por mais relevantes que sejam as nossas emissões de opinião ou constatações sobre a vida pública. Isso de um lado. Do outro lado, assiste-se ao maior descaramento possível do Poder Político e dos poderes que se lhe subordinam, entre os quais alguns media e a Justiça. No cerne de tanta libertinagem e relativismo, o referido descaramento tornou-se infinitamente maior: pense-se no significado de assessores íntimos do Executivo descerem ao registo agressivo e directo da bloga, excederem-se nele. Pense-se no uso cómico da arma YouTube. Não é preocupante que um menino de dez anos aprenda a esgrimi-la bem. Preocupa que ninguém queira saber o que fazem ou deixam de fazer putativos ou efectivos eleitos e responsáveis públicos que se passeiam ainda que nus na sua grunha incompetência ou malvadez política. Nada decorre das piores suspeitas. Não há consequências das notícias mais graves envolvendo abusos, influências abusivas, pressões indevidas por parte dos "actores" políticos, coisa por si mesma suficientemente grave e sintomática da putrefacção cívica que grassa em Portugal. A libertinagem mediática começa neles. Acaba neles num movimento cínico perpétuo. Pátria infeliz e mal servida, meu Deus!

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