NOS CORNOS DA CRISE
Embora compreensivelmente o papel do Governo seja garantir ter a situação orçamental sob controlo e que respeitará o limite do endividamento da República aprovado para este ano, esse papel está esgotado porque não é credível. Até Alegre desvia as atenções clamando contra aqueles que supostamente clamam pela intervenção urgente do FMI, não percebendo que não é preciso clamar. Basta atentar na realidade para vê-la como "incontornável". A Alemanha, por exemplo, não parece confiar na palavra do Governo português. Garante que o caminho que Portugal segue conduzi-lo-á à triste metamorfose numa nova e ainda mais triste Grécia. Não é só o Governo da Alemanha a imiscuir-se com severidade sobre a pelintra e periférica republiqueta ocidental. Também o banco JP Morgan garante que a nossa consolidação orçamental está a ser muito «mais preocupante» que a grega. Não são somente os alemães nem somente o banco JP Morgan a desconfiar profundamente da credibilidade do Governo português. Por estranho que pareça, apesar de infindáveis notas de tranquilização governamentais, também a agência de notação Fitch garante que o facto de Portugal falhar a meta de um défice situado nos 7,3% para 2010 é coisa «insustentável» pelas consequências adicionais sobre os já insustentáveis custos de financiamento da "República". O Governo português está nos cornos da Crise. Mas não lhe pega onde dói e urge: o lado clientelar e político por onde o dinheiro público se escoa. O aluado providencial PM, essa donzela primadonna da política de pelica, manda, aliás, os seus serventuários súbditos tranquilizarem a ralé porreira, os porreiros mercados, o povo-pá porreiro. E continua a falar de computadores naquele gesticular-pívia pomposa, feirante.
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«o pior cego é o que não pretende ver»
pode ver Torre de Babel