A CRISE IMPUDICA
Já toda a gente percebeu que Noronha do Nascimento e Pinto Monteiro se vão comportando como guarda-costas, escudos e couraças do Primadonna e isso só faz com que da lei da morte não se vão libertando. O debate sobre as manifestações de essa impudência arrasta-se, mas a verdade não pode ser maleável: «Não ter interesse para o processo não é o mesmo que não ter interesse social, público e histórico. A destruição hipoteca o conhecimento das novas gerações sobre o que se terá passado, seja para reprovar comportamentos seja para os libertar de infundadas acusações. Assim, se as escutas ficassem arquivadas e reservado o seu conhecimento durante vários anos, sempre era possível, um dia, saber-se o seu conteúdo. Só no Estado Novo se mandava destruir documentos que podiam ter interesse público. As escutas têm manifesto interesse público. Não se pode privar os portugueses desse conhecimento e não é por meros sentimentos mórbidos, que são, obviamente, desprezíveis. O lado privado de um primeiro-ministro é muito curto nestes domínios e ninguém se pode esconder por detrás das conversas telefónicas com um primeiro-ministro. Pelo menos é assim que deve ser nas democracias civilizadas. Ter um lugar na história por impedir esse conhecimento do público, da comunicação social e dos investigadores não fica bem. Quem perde é a transparência e a democracia. A justiça não pode ter esse poder.» Rui Rangel
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