SILVA PEREIRA E SÓCRATES
Estive a ver Pedro Silva Pereira na TVI24. Indiciava uma enorme tensão e um nervosismo ansioso. Pelo ritmo do palavreado deveria estar encharcado em café. A falta de paz era crassa. Por isso espumava, enquanto o olhar dardejava violências, a voz tremia, e toda a sua cinética dramatizava uma hiperbólica gravidade. Ao falar de Passos Coelho adjectivava-o numa explosão depreciativa para além de todos os limites do passional. Não é possível que haja ali uma pessoa individual perfeitamente individualizada, passe a redundância. Dir-se-ia que a doentia sombra solipsista e egolátrica de Sócrates formatou Silva Pereira para que fosse nada mais que um reflexo pálido das fúrias e tiques daquele. Nenhum traço distintivo. Nada de seu. Desaparece Silva Pereira. Nasce um Duplo em pior, um Sósia Moral, um Clone em Mau.
Comments
Da 1ª pág, sob o título Impasse político português... «Os títulos da dívida a 5 anos de Portugal atingiram uns 8,4% recorde na 5ª feira, antes de recuarem. Lisboa tem que refinanciar a dívida em Abril e Junho, operações que, ambas, podem revelar-se gatilhos para um pedido de resgate.»
Do Editorial, na pág. 10 - «É demasiado tarde para os políticos portugueses culparem alguém senão eles próprios pela crise da dívida soberana»; e «a política do governo tem sido de falsa austeridade: o corte no défice do ano passado foi um truque contabilístico baseado em passar fundos de pensões privados para as contas públicas...»; e «apesar da geral crença em que juros mais altos que 7% conduzem a um resgate, alguns onerosos leilões de dívida não forçarão Portugal à insolvência. Mas as despesas dos juros, no entanto, agravarão as dores da austeridade quando os líderes do país encontrarem coragem para fazerem o que tem que ser feito.»
Na pág. 14, sob o título Eurozona: «Sócrates poderia ter agido mais cedo para garantir quer as suas medidas de austeridade quer o financiamento externo. Mas não é tarde para Portugal, desde que realize as reformas estruturais que insuflem ar na sua economia esclerosada.»
Na pág. 15, na Short View de James Mackintosh: «Quem previsse a queda do governo português na véspera de cimeira euuropeia decisiva, poderia ter apostado em quedas de acções e um Euro mais fraco. Em vez disso, as acções portuguesas subiram 1 por cento (...) e o Euro valorizou-se.»
Na pág. 27, sob o título Problemas de Portugal põem Espanha na linha de fogo: «Um resgate de Portugal tem sido considerado por muitos investidores uma certeza crescente desde o fim do ano passado. Agora que o governo caiu, parece inevitável». E, em caixa: «As probabilidades de Portugal e Irlanda não pagarem as suas obrigações aumentaram drasticamente durante o mês passado, segundo os mercados.»
Na pág. 28, sob o título Acções sobem apesar dos receios na euro-zona: «A resistência dos investidores ficou demonstrada pela drástica recuperação do mercado de acções de Portugal, após ter caído 1% no seguimento da demissão de José Sócrates.»
E só mais esta pérola, sobre como os tais líderes europeus que amam Sócrates o vêem realmente (também). Da pág. 2, sob o título Portugal instado a aprovar plano de austeridade: «Os dois lados (Passos Coelho e Sócrates) concordam nas metas de dívida e défice estabelecidos pela UE, e o colapso foi em grande parte causado por polémicas sobre a forma como o novo pacto (o PECIV) foi montado. "Foi um enredo cínico da autoria de Sócrates, e os outros líderes vêem isso", disse um diplomata da UE.»