TRANSUNTO

E eu, Senhor, o que serei,
se da lei da morte livre não me sei ou se obra não deixo?
Deixo só queixas mil tantas e tamanhas. 
Da Injustiça a escassa atenção recebida 
que me macera. Só depois que faleça serei poesia. Tê-la-ei. 
Para quê pensá-la agora?
Meu prestígio é ter sofrido em público 
o trucidarem-me dia a dia Portugal,
Cânone e Pátria, esta, 
em que me espelho 
porque me espelha a mim 
dela transunto.

Comments

Daniel Santos said…
está bom.

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