CORRUPTOS EXILAM-SE. PROFESSORES EMIGRAM

Contrariamente ao discurso optimístico sacana que grassou enganosamente por alguns anos sob os auspícios cretinos da socratesianice, Passos Coelho opta por um tipo de declarações absolutamente honestas, sempre verdadeiras, ditas como quem corta, proclamadas como estocadas intermédias, as estocadas finais pertencem a outra ordem de actores políticos revestidos de demagogia e formas subterrâneas de enriquecer rapidamente e por a salvo o esqueleto em Paris. A verdade é assim. Corta a direito porque é verdade. Todavia, é o facto de nos forçarmos a encarar realidades absolutamente brutais o que nos pode salvar o presente e o futuro. Aos professores excedentários, Passos recomenda que abandonem a sua zona de conforto e procurem emprego noutro sítio, em Angola, no Brasil, «que tem também uma grande necessidade ao nível do ensino básico e secundário». Todo um registo completamente diverso do do passado, goste-se ou não, concorde-se ou não. Há muitos professores em Portugal que não têm trabalho nem o sistema privado consegue ter oferta para todos e se parcialmente a explicação é demográfica, a outra parte é puramente administrativa, gestionária, apenas atendível, dados os contrangimentos financeiros presentes, pois se é verdade que estamos com uma demografia decrescente, temos também uma entrada significativa de famílias e alunos provenientes dos PALOP bem como turmas com uma média de 27 alunos. Ok, façamos como diz Passos: olhemos para todo o mercado da língua portuguesa para tentar encontrar aí uma alternativa. Mas, mesmo para emigrar, é necessário capital. Não tanto como o necessário para Sócrates, Dias Loureiro e outros se exilarem douradamente, mas é necessário. Alguém me explique como, reduzidos os professores a socretina miséria, farão eles para emigrar para as promissoras partes do paradisíaco Brasil e da calorosa Angola? É mais fácil engrossar o exército surdo dos sem-abrigo.

Comments

floribundus said…
só D. Pedro diria:
'fico'

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