NOBRE DEMOLIDOR
Nobre é o candidato mais surpreendente. Não vale a pena respeitar o rumor de que os dados estão lançados. Não estão. Ele é alguém cujo discurso mais irrita e enerva os demais candidatos do sistema. As questões que levanta e o modo como confronta directamente os seus adversários embaraça-os. Tossem. Engasgam-se no próprio cuspo por se verem julgados por alguém com as mãos limpas, que olha às pessoas antes de olhar para os imperativos decadentes de Partido. Nobre enerva e engasga igualmente os comentadores mais ténia do sistema, os desse-ponto-de-vista-Delgado, os e-vou-já-terminar-Ricardo-Costa, alapados na SIC-N e nas demais plataformas de reprodução de todos os lugares-comuns. No último pseudo-debate, Alegre teve de encostar-se às tábuas e enveredar pela via defensiva: «Tenho, como qualquer cidadão, a minha quota-parte de responsabilidade na actual situação do País. Aliás, mais do que um simples cidadão. Mas o Sr. Fernando Nobre entrou no sistema. Não está aqui para derrubar o sistema». A linguagem de Fernando Nobre, dizem os espúrios comentadores, é a de um taxista. Será? Sinal belo de refrescamento da sociedade civil seria que lhe dessem ouvidos e florescesse uma esperança nova, uma esperança alternativa. O certo é que pode ser ele a fazer o milagre de "derrubar os muros" criados pelo actual sistema político, que passam por trucidar e ignorar olimpicamente o cidadão, o seu bem-estar, a sua felicidade, critérios de dignidade alargada a nortear a vida pública.
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