MANUEL ALEGRE REEDUCADO?

Estive atento a Alegre, hoje, no Jornal das Nove, da SIC-N, com Mário Crespo.

A sua revista on-line OPS! e o seu editorial serviram de ponto de partida.

Considerando o elenco da revista, estudiosos, universitários,

diz que há muita gente mal aproveitada em Portugal.

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Elenca as mesmas preocupações com a desigualdade portuguesa,

com a injusta distribuição da riqueza,

advogando a arma da fiscalidade sobre quem mais ganha,

como uma das medidas corajosas que se impõem, recordando o New Deal

e o que ele significou para a recuperação dos mais prejudicados

pela Grande Depressão.

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Faz o diagnóstico da regressão de valores civilizacionais na Europa

com este ataque às pessoas nos seus direitos laborais por uma globalização selvática,

direitos, afinal, com tanto sangue adquiridos no passado,

como sublinha no seu editorial:

«A esquerda em Portugal e na Europa

atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história.

Com a queda do muro de Berlim, esperava-se a emergência do socialismo democrático.

Mas o que veio foi o capitalismo global, a globalização desregulada, passe o paradoxo,

pelas regras do banco Mundial, do FMI, da OCDE e outras organizações internacionais,

que fizeram do neo-liberalismo um novo pensamento único.

Pretende-se fazer crer que não há outras soluções

senão as que decorrem das receitas impostas por estas instituições,

muitas delas também veiculadas por Bruxelas. Que fazer?».

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Mas na entrevista propriamente acabou por produzir

uma espécie de armistício contextual com o Governo,

elogiando desta vez as qualidades de Sócrates,

a sua célebre determinação, apesar do vício da construção da realidade à sua medida

e não segundo o que ela mesma é e engendra de depressor e negativo para muitos.

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Muito longe da recente crispação e da recente ameaça de secessão no PS,

termina a duvidar se toda a gente no Governo está consciente do legado histórico

dos nossos maiores visionários, patriotas e pensadores,

como foi claramente o caso de Pedro, Infante de Portugal.

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Ora, à luz de esse Passado, quem é Sócrates, o que faz e a quem serve?

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O seu editorial implicitamente dá uma boa resposta

ao que Sócrates não é, não tem sido e é duvidoso que possa algum dia sinceramente ser.

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O editorial funciona ao mesmo tempo como bom antídoto para tantos fanáticos acríticos

que vemos intervir, como se em comícios, nos fóruns da TSF e das TVs,

a defender babadamente o indefensável:

«A razão de ser da esquerda e do socialismo democrático

foi sempre a de não se conformar e de procurar soluções alternativas.

Como afirmou Octávio Paz,

faliu a resposta histórica à pergunta formulada pelos primeiros socialistas

sobre a injustiça inerente ao capitalismo.

Mas a pergunta permanece. E o dever dos socialistas é o de procurar novas respostas

e não baixar os braços perante as dificuldades. O

agravamento das desigualdades e da pobreza,

o aumento do desemprego e da precariedade,

as alterações climáticas e a degradação ambiental,

a crise alimentar,

a crise dos combustíveis

e a carestia de vida,

bem como a crise de confiança e de esperança

e a própria qualidade da democracia exigem um debate sério,

sem complexos nem sujeição aos estereótipos dominantes.»

[...]

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Todos somos responsáveis pelo nosso mundo e pelo nosso país.

Chegou a hora de resistir ao condicionalismo e à colonização ideológica.

A hora de sermos nós próprios e de propormos soluções

que se baseiem nos valores e não nos interesses

que confiscaram o Estado e minam a confiança dos cidadãos

nas instituições democráticas.

Hora de resistir, de debater e de assumir e divulgar

a nossa opinião socialista.».