SER LIDO PELOS OUTROS
É óptima a sensação de ser lido.
Ser lido anda muito próximo da sensação de ser amado,
automática e incondicionalmente amado, isto é,
sem a exigência a contrapeso daquela reciprocidade só formal e estratégica
de um do ut des latino ou quid pro quo.
Se calhar sinto-o ainda mais, dada a minha necessidade visceral de,
enquanto artista do verbo, estar permanentemente sob os holofores da atenção.
çlk
Por outro lado, uma desleitura a nós indiferente ou que, na nossa cara,
ousa dar-nos como ininteligíveis e que só pelo influxo de uma suposta amizade se faz,
como médicos ousam anunciar, de chofre, óbitos ante o estado de choque de relativos,
é uma crueldade monstruosa, ainda que involuntária, bem intencionada e inocente:
«A maior parte das vezes não entendo nada do que escreves!»
lkj
Uma das razões por que quando estive no Brasil, se pudesse, lá ficava
foi porque me senti intensa e absolutamente amado e do mesmo modo amei:
tudo, sobretudo o melhor da vida, me acontecia ali com um fulgor inusitado,
os afectos tinham mais textura, o olhar, o coração e a pele
capturavam uma inédita intensidade afectiva quase indiscriminada.
Pode ter sido uma ilusão devida à concentração temporal da minha estada,
à inexcedível hospitalidade da nova família que lá me recebeu.
Mas trata-se de uma ilusão adorável e adoravelmente a reeditar.
lkj
Serve todo este intróito para destacar a nota do Eduardo Pitta, no seu Da Literatura,
a uma das minhas postas recentes, onde procurei armar um difícil humor,
e para admitir publicamente a minha boa surpresa e o meu prazer nisso.
lkj
Recordo que o seu foi absolutamente o primeiro blogue que,
mal comecei a minha própria aventura,
me aconteceu abraçar entre tanta busca aleatória, virginal e perdida
própria de um iniciado neste Admirável Mundo da Bloga.
É claramente uma das minhas leituras quotidianas e incondicionais.
Comments
Não me esqueci, estou a espera da entrega da tese...Desculpa.