RANDY PAUSH, UMA LIÇÃO AO LUSO EDUQUÊS


A última aula de Randy Paush, também relevada aqui, é portentosa.
Não porque se trate de um excelente professor, sábio nas relações humanas,
aproveitando a aproximação da sua própria morte
para obter notoriedade mundial póstuma com o seu percurso e trabalho,
mas porque de facto acumulou tesouros fundamentais de experiência e sabedoria
que urge partilhar com o Mundo agora e depois e depois e depois.
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(E essa aula de uma hora e dezasseis minutos é ainda mais assinalável
pois dela está ausente qualquer coisa de análogo nos Estados Unidos
à presente maravilha portuguesa que consiste em estrangular a personalidade dos professores
com uma catastrófica legislação contraditória, torrencial, babélica,
matando à nascença nos docentes a necessidade de, no Ensino, associar alegria e prazer
ao mais extremo e probo profissionalismo, sem ter de aturar
equivalentes ao desdém minimizador, eivado de má-fé,
concentrados nas pernocas roliças à mostra
e no despropositado sorriso vitorioso da Mª. Lurdes Rodrigues que aparece no Expresso,
a Ministra que mais vezes falou em 'mais trabalho' nas Escolas
em toda a História Universal. Sem ter de aturar tal coisa intragável.).
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Aula portentosa, não porque puxa a lágrima fácil por alguém nobre e valioso que vai morrer,
mas porque revela uma atitude extraordinária na vida até ali vivida
e também uma cultura escolar e universitária onde afinal se trabalha intensa
e inimaginavelmente, e por paixão pura,
favorecidos embora por todas as relevantes e verdadeiras condições para isso,
dentro de um clima humano que efectivamente permite manifestar,
na pesquisa e na docência,
o que de melhor e mais determinante há no ser humano
e em quaisquer conceitos de competitividade,
porque competitividade cooperativa:
na 'Arte Electrónica', na vida, no ensino da Literatura,
em tudo o que ocasiona sonhar.
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Claro que esta aula sobre Como Realizar os Sonhos de Infância
e o facto de se tratar efectivamente de uma aula são ambos 'head fakes',
isto é, falsos tópicos: não se tratou de uma aula sobre como realizar os sonhos de infância,
mas sobre como conduzir sabiamente a própria vida,
não dirigida àquela audiência concreta que o acompanha atentamente
conforme vemos no vídeo de essa última aula,
mas, bem no âmago, dirigida, como testemunho e testamento,
aos seus três filhos pequenos.
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Por tudo isto, trata-se de uma aula inspiradora.
Inspiradora sob imensos pontos de vista mais pessoais ou mais sistémicos.
Mas sem dúvida inspiradora da necessidade de libertar o Ensino
da pesada pata paquidérmica, tão intrusiva, do Estado, da sua sanha burocratizante e paralisadoramente inepta, sanha geradora de confusão e contradição profundas
no cerne do nosso Ensino.

Comments

Nuno Miguel said…
É de facto inspiradora, última aula de Randy Paush,como é também inspiradora a atitude, a política e a postura da ministra, que nos ensina tudo aquilo que não devemos fazer pelo ensino, e tudo aquilo em que não nos devemos tornar: mentecaptos, ignorantes e intelectualmente impreparados para lidar com as situações.
Esta criaura esqueceu-se que a educação é o pilar de qualquer civilização, e como se esqueceu, ele e os incompetentes que a antecederam, o resultado está à vista. Nada acontece por acaso...
Belo texto meu caro, parabéns.
Anonymous said…
equivalentes ao desdém minimizador, eivado de má-fé,
concentrados nas pernocas roliças à mostra
e no despropositado sorriso vitorioso da Mª. Lurdes Rodrigues que aparece no Expresso,


"De repente, não mais que de repente" (como diz o poeta brasileiro) estas suas palavras dispararam em mim um entendimento simples e profundo sobre esta ministra: Ela simplesmente odeia a escola, os professores, os alunos, o próprio acto de ensinar.
Eis a razão primordial de tudo o que faz.
Obrigado Joshua.

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