O MAU SINAL DO AVAL
Quando o Governo prá-anunciou a disponibilização de um aval
de 4000 milhões de euros à Banca Nacional
todos ficamos com a ideia de que a ele genericamente só se acorreria
em caso de extrema e absoluta necessidade, em situação limite.
Vemos agora que, pelo contrário, o recurso ao aval é a rectaguarda perfeita
de que os bancos, afinal todos os bancos!, necessitavam
para se reposicionarem confortavelmente no mercado internacional
e desenvolverem a sua actividade na arena do financiamento.
lkj
O problema é se todos estes passes de mágica facilitista e nada clara
que o aval possibilita servem somente para confirmar que a regra de ouro
entre as diversas instituições bancárias é acobertar o mais possível
a gigantesca e desconhecida parte submersa do seu iceberg,
mantido longe da vista da opinião pública e, logo, longe do seu coração avaliador.
Por exemplo, por quanto tempo andará muito mal explicada toda a situação do BPN
[já se lhe pode chamar uma espécie de Casa Pia do PSD] com factos
novos servidos a conta-gotas na imprensa diária para capitalizar um efeito
de vantagem na disputa político-partidária?!
lkj
Não é verdade que ficou de igual modo por explicar devidamente
o que se passou no BCP e certamente se passa noutras instituições bancárias
sobre as quais sabemos que o escrutínio regulador só pode ser de igual modo lasso?!
Por que se insurgem os administradores de outros bancos por o BPP recorrer,
conforme parece ser opção e direito seu, ao mesmo aval?
Recorrer ao aval não soa bem à opinião pública, aos observadores, e os argumentos
que visam legitimar esse mesmo recurso parecem algo esfarrapados.
lkj
Em última análise, estão por aí os contribuintes a servir de tampão e de reserva,
caso alguma coisa neste aval vá de mal a pior, porque o Governo, que põs e dispôs
sem que se visse o lavrar de um conjunto de critérios nitidamente vinculativos
das responsabilidades daquelas instituições, dado o lapso temporal nestas coisas,
uma vez desaparecido de cena, simplesmente será sucedido por outro
que poderá lavar as mãozinhas e voltar a falar das más opções passadas
que os contribuintes vão pagando no presente esquecendo
de todo o que vem primeiro, se ovo se a galinha.
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