SEMANA SINTOMÁTICA DO PODRE DISTO


Esta semana teve apontamentos desoladores sobre a qualidade dos que nos apascentam.
A velha senhora do PSD, numa primeira reacção, mostrou-se hesitante e reticente
com a miséria de um aumento no salário mínimo e logo perante empresários,
o partido sintomaticamente afunda-se nas sondagens e desiste de existir,
enquanto semelha coisa mais errática que a barca de Ulisses
e mais titaniquesca que o Titanic; José Miguel Júdice, que por vezes,
só por vezes, performa o milagre de se reabilitar
de uma imagem estritamente bajulatória do poder socratino,
esteve loquaz e pareceu gente no Diga lá, Excelência,
mas sobretudo no Dia D, onde mostrou uma face bastante cristã,
embora feita só de verbo de encher,
não fosse ele mais um diletante das ideias e das palavras português,
bem longe do mundo das acções públicas e da realidade concreta das pessoas
o que o semelha ao Carlos da Maia queiroziano.
lkj
Um incansável vendeiro demagogo esteve a vender a banha do chip
na cimeira ibero-americana. Disse que, se havia coisa ibero-americana,
era o Magalhães. Mas o mais ibero-americano não é isso,
é a escandalosa assimetria social em Portugal,
assimetria da riqueza, da cultura, do bem-estar,
é a ainda mais escandalosa violência em grande parte daí decorrente,
é a podridão do poder político, braço podre e servil ao serviço dos fortes e de si mesmo,
é agora o espectáculo de líderes do mais demagogo e mentiroso que há-Chávez,
é a tentação de ser perpétuo e assumir prolongada e indiscutivelmente o poder,
sem olhar a meios, sem olhar a nada, sem escrúpulos nem pudor.
Nem sequer temos a alegria ibero-americana, vai o povo tremido e triste.
Nem sequer temos a exuberância ibero-americana, vai o povo cinzento e abatido.
lkj
O Portugal político está esgotado e podre,
tapem embora muitos, a troco de dinheiro e de interesses prometidos, o sol com a peneira,
e se é verdade que outros tantos covardolasmente não querem remexer nesse cadáver,
valha-nos ao menos essa orgia de maledicência bem fundamentada
de um Medina Carreira, de um Mário Crespo, e de quantos não estão para pactuar
com tudo [tacanhez, mesquinhez, egoísmo] o que faz de Portugal
economica e socialmente mais ibero-americano
que europeu, como os outros.

Comments

antonio ganhão said…
O Maglhães é o redentor de todas as assimetrias e Sócrates o seu ungido.

Aleluia, Aleluia!
Sabes o que me preocupa, Joshua? É saber que na política portuguesa é vira o disco e toca o mesmo...

Abraço.
Tiago R Cardoso said…
Em Portugal observa-se que cada vez mais a alternativa ao péssimo é o vazio, nem sei qual deles prefira.

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