BETSABÁ E A CARTA DE DAVID

Willem Drost, Bathsheba with David's Letter, 1654.

Não me ter doído doido
minha mão de seda hitita cedesse ao Rei
faminto desta carnação que em ardil sedutor se lavava. Cobiçoso 
deste colo oferecido. Tão cego que à serpente vê semelhar-se o anjo.
lk
Mandou que me chamassem, 
ordena que me deite e me deito
agradada que avance, 
asfixiada de amplexos,
fulminada no dardejo dos olhares,
constringida na constrição das suas pernas,
ofegante no arfar com que cavalga,
eis a prisão exsudada dos seus braços e a emissão suprema do seu sémen,
dessedenta a sede louca dos meus beijos. 
lk
Emprenho. Lho declaro.
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E é por carta que a Urias mo destina à morte.
Esta carta... 
Vil, apaixonado, ao delegar matá-lo, 
obedece David à minha vontade, 
nossa, nosso adulterino arroubo patético, feliz, culpado.
O Rei, amigo do Altíssimo, desce à lama, 
gera-me o filho dos filhos, 
efunde o sangue.
lk
Insemina-se a Luz.