PRÁXIS FASCISTA, COLÉRICO ANTI-DEMOCRATA

«Mais tarde voltou a falar de pressões, mas do Governo Sócrates. 

Quando começo a ter acesso a algumas das escutas do Face Oculta apercebo-me que não era só a TVI que ia ser comprada. O CM também. Houve uma fase negra em Portugal em que, com o apoio da banca, se ponderou fazer grandes negócios na comunicação social que não visavam o objecto de negócio, mas sim mudar direcções e silenciar. 

 O que pensa de Sócrates? 

Entre 90 e 91, ao fim-de-semana tinha RTP e durante a semana Semanário e RR. Nesta altura, António Guterres apresenta-me uma jovem promessa. E, de facto, ele tinha um estar que contrastava: não usava gravata, dizia palavrões, era pouco mais velho do que eu e trabalhava imenso.
Já como líder do PS faço-lhe a entrevista que antecede a queda de Santana Lopes, com o título: ‘O PS está pronto para governar’. Logo a seguir dá-se a decisão de Sampaio. Numa primeira fase conversávamos muito, trocávamos impressões de forma aberta, ainda eu era director-adjunto. Em 2007 ele faz-me um convite que achei que o primeiro-ministro não podia fazer. 

Que convite foi esse? 

Para substituir o José Eduardo Moniz na TVI. Ele diz que não sabia de nada do que se estava a passar, mas em Fevereiro fez-me esse convite. Quatro meses antes. Disse-lhe que não estava disponível e a relação acabou. 

Sócrates quis dominar a comunicação social? 

Completamente. Tinha essa vertigem. Denunciei isso muitas vezes em editoriais. Uma vergonha. Não é um democrata. É um tipo colérico quando é contrariado. Depois desse almoço na Travessa – e uma coisa estranha é que o restaurante estava cheio, mas todas as mesas à nossa volta estavam vazias, portanto presumo que ele não marcava apenas uma mesa, mas um quadrado –, acho que nunca mais falámos.» Octávio Ribeiro, ao Semanário Sol

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