DIARREIA DE ESQUERDA
É óbvio que os políticos cometem excessos de voluntarismo verbal e são fabulosamente excessivos nos seus discursos do lado certo das políticas. Não os podemos levar sempre a sério quando anunciam leis onde, por exemplo, se proíba o despedimento em empresas que dêem lucro, como se ouviu em Louçã a a propósito da Corticeira de Américo Amorim, que vai despedir preventivamente quase duzentos. Essa lei é quimérica, já sabemos. Dizê-lo pode ter sido um exercício hiperbólico. Mas também não é preciso armar uma escandaleira e rasgar as vestes, ó Tiago! É? Mas, para além do meu voto ou o de outros ainda livre e indeciso, é delicioso que o Centrão emagreçe e que os demais partidos habitualmente minoritários engordem. Se o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, apela à constituição de uma convergência de esquerda para que haja uma “esquerda grande”, que terá obrigatoriamente de ser “anticapitalista e só pode ser socialista” para ultrapassar os problemas que considera existirem na sociedade portuguesa, que apele à vontadinha e para aí. Com Sócrates a falar de Esquerda, Alegre a falar de Esquerda, o PCP e o BE a falarem de Esquerda, tudo isto, para já, resulta apenas numa extensa e duradoura caganeira de Esquerda, verborreia de Esquerda, impotência de Esquerda. Entretanto a miséria alastra, os oprimidos de um Fisco cego e retroactivo vão ao tapete, porque o Fisco já não é lasso e ainda bem, mas não é actuante nem acurado necessariamente com quem é forte. Por isso, os fracos começam a considerar se não é melhor um suicídio preventivo a ter de aturar esta Babel de fome, opressão, de inactividade e inconsequência de Esquerda.
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O lucro será sempre o seu deus!