SÓCRATES E O CASAMENTO GAY

Os fogos na Austrália são sazonais, trazem morte e tragédia porque os humanos colocaram-se a jeito, mas ao mesmo tempo representam Vida e Recomeço, ligados como estão a um ecossistema que medra e é o que é precisamente graças ao fogo. Daqui manifesto a minha solidariedade. Quanto a actualidade, isto merece evidentemente um destaque de monta, num país esvaziado de assunto e em que o que é realmente importante não resiste à passagem do tempo, como um Balão. Mas imaginemos outra coisa. Façamos um exercício de fantasia e imaginemos que a actualidade se fazia de outras caches. Imaginemos que, de repente, Augusto Santos Silva já não era o abespinhado ASS intimidador com que se vai notabilizando e famigerando; que o Dr. Vital Moreira não era a voz servil e inconsistente que teoriza e sustenta, num argumentário sempre conveniente e plástico, blogueanamente a Socratura, um princípio e o seu contrário; imaginemos que, de repente, os desempregados não eram varridos para debaixo do tapete ou, como iluminadamente escreveu João Tordo, que 57 000 deles, apagados do sistema informático das relações e estatísticas da SS e IEFP, como se não existissem, não eram para Sócrates o que os Judeus foram para Hitler; imaginemos que o Governo efectivamente actuava com denodo e eficiência para atalhar à Crise e às suas abundantes e escabrosas desgraças, sem olhar a que empresas ou a que pessoas, evitando que, no processo imaginativo e criativo, ambas se reendividassem; que quanto à questão Freeport, Sócrates deixava-se de vitimizações, vinha explicar e expor as suas contas bancárias no exterior, trazer boas explicações para a celeridade na aprovação do processo, vinha dar explicações para os e-mails que cheiram a Pinóquio, vinha trazer explicações para o motivo porque alguns técnicos foram estrategicamente afastados, dar explicações para os indivíduos que não conhecia, mas que afinal conhece e muito bem. Depois de imaginarmos tudo isto, o que é que restaria conversar de candente e de sério?! Sobrava a Moção Sócrates. Sobrariam novas promessas que jamais cumpriria, ele que é um repetente absoluto na mentira repetida e praticada. A Moção do grande líder é uma Sopa de Pedra, é uma Jogada de Mestre. Podemos vê-lo nos seus périplos triunfalistas a falar do Casamento Civil Gay perante audiências estarrecidas, hirtas, numa frigidez cómica, em que os militantes não comentam, coram, não pensam, entalam-se de silêncios medrosos? Porém, o grande líder is a Rolling Stone: where ever he laid hand was is own, nada o pára no seu número de circo e novamente levita a voz, enclavinha as mãos em forma de garra de águia e, do alto de todo daquele Oco, fala da regionalização e do Casamento Civil Gay com um tom de voz, conforme já nos habituou, particularmente peixeiresco. Já a foto que ilustra esta posta sobre o casamento gay civil não foi uma acção de promoção da Moção. Foi em Alqueva, mas o estilo convicto e pífio está todo ali. Tem atrás de si os Ministros numa pose infantil: Pinho parece acabado de levar um enxerto de porrada e ainda chora, enfiado, como na Escola Primária. Apanhou do rufião Zezito Sócras e já está posto em respeito. Quando ao Ministro da Agricultura, não levou um coceirão pelo lombo porque estava já posto religiosamente em obediências prontas, as mãozinhas postas seguram devotamente o capacete do acto, em sinal de profunda reverência e respeito profundo ao Zezito Sócras. À frente, com toda a Cara de Pau que lhe conhecemos, lá está o rufião Zezito: a boca aberta deixa passar vespas para trás e para diante. As suas mãozitas, como é hábito, enclavinham em garra-de-águia e é como se apertasse e segurasse ali, naquele gesto tão hitleriano, os Colhões Invisíveis de um País Inteiro, pronto a submeter-se ao Zezito uma vez mais, pois o Zezito é que sabe. Entretanto, os serviços do SIS garantiram que não andavam a escutar os magistrados que investigam o caso Freeport. Já podemos sossegar. Isto em eles dizerem que não é porque é não. A Democracia já pode respirar com a mesma oprimência e com o mesmo Medo de Edmundo Pedro.