CREPÚSCULOS MEUS
(Afurada, algures por Setembro de 2007)
lkj
Que, no fim, me baste isto:
a serenidade completa e muda de um crepúsculo,
a devolução da vida total sem outras moções que as da pax Christi,
sem outras angústias que as pelo parto de um Mundo Novo
que há muito gestiona, embrião divino.
lkj
Poder encher o meu peito com os doces ares nocturnos,
tão odorosos, prana silvestre búdico,
promessa de plenitude na carne dos nossos dias.
Estar contigo. Estares comigo, meu amor,
dadas as corpóreas mãos e as almas.
çlk
Reflectir demasiado emburrece,
levar-se demasiado a sério e não ter senão o sério como fito, é estúpido.
Deixo-o a outros afadigados de ambição e do inchaço de si-soltura.
Que se esmerem aí e aí corroam.
A mim,
que me desprezem,
que me esqueçam, meneando a cabeça censória,
quando lhes parecer que desci o nível e abdiquei do chá
ou quando incorro em afirmar Cristo, que ousadia!, que arcaísmo!,
como quem afirma o que haja de mais derradeiro e mais âncora a afirmar,
enquanto se respire
cadavericamente adiados à porta da Glória.
lkj
Que me esqueçam!
lkj
No fim, basta-me isto: a doce suavidade de todos os crepúsculos,
quando os céus desmaiam em oiro e níveos fios rectilíneos
saturam de avio-humano o melhor e mais acetinado azul
no crisol dos meus ocasos.
Comments
Muito profundo!
Olha, gostei!
Fa-
assim não te esquecem, não
mas quedarão mudos e cerdos!