SALIVÍGERAS MÁQUINAS
Somos corpúsculos questionando a vida, confrontando a morte
ou rastejando ou dançando ou marchando para ela.
Cidade bifacial, proteica, Porto,
quando ressurgirás povoada por todos as horas?
Quando reproduzirás a vitalidade madrilena,
cidade dos mil e um rios de gente
convergindo para algures certamente excitantíssimo,
provinda de nenhures maçadorérrimo?
Que impressão estranha causa Madrid nocturna a um porto-gaiense!
Ruas e ruelas têm gente em passagem massiva por toda a noite!
lkj
Tu não, Porto!
Cidade apagada,
nada pareces oferecer que magnetize, por todo o ano nocturno,
o pobre povo dos grandes cansaços
e das grandes perdas.
Lembramo-nos um pouco mais que existes
só pelos homens que em ti esfaqueados se esvaem em sangue na noite,
não se compreende em nome de que quantidade irrisória de euros
ou por que outros critérios no Inferno gerados.
Assaltados no seu sacrificadíssimo ganha-pão,
são aviados para o Além mais prematuro no meio do suor mais sanguíneo.
O crime parece grassar no Norte em surto estúpido.
Os assaltos, como uma onda alienígena,
sucedem-se, sempre drásticos, fílmicos,
violentos.
Caixas de multibanco, mais desejadas que mulheres,
são o alvo privilegiado
numa renovada vaga de desejo,
de ridículo capturado em câmera,
de desesperos homicida-enlouquecidos
desencadeados em demónio.
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