ESTA AVENTURA QUE NOS ESTREITA

As notícias sobre a bloga italiana,

sobre o edifício fisco-legal que por lá se prepara contra a respectiva blogosfera,

são perturbadoras. Devemos olhar para tais ousadias como uma absoluta intromissão

na esfera da livre emissão da opinião e respectiva expressão criativa,

o que poderá levar-nos a reacções contra tal sanha usurpadora do espaço individual.

A bloga tem-se constituído um reduto derradeiro

da mais empenhada e congraçante cidadania, uma cidadania moderna,

vigilante, insatisfeita, inesperadamente eficaz

e dissuasora no que a abusos de poder diz respeito.

lkj

Tornei-me blogger em Maio-Junho de 2006,

tornei-me aprendiz do mundo, a partir de então,

de este mundo inteiramente novo, imparável e infinitamente rico.

Fiz poemas. Dei opiniões. Procurei. Pesquisei. Prossegue o meu entusiasmo

porque tal dimensão fascinou-me enquanto muito me ensinava.

Senti-me muito só, umas vezes.

Outras comungando emoções e rebeldias com muitos outros bloggers.

Aprendi a inesperar-me nesta minha casa,

manifestar-me o mais diversamente possível,

assumir uma tonalidade marcadamente lírica, isto é,

onde todo o espectro de manifestações do humano Eu tenha lugar

(não só o amor, mas também a raiva, o lamento, a lamúria, a inveja, o desânimo,

a frustração, a alegria, a exaltação espiritual, o cio, o sexo, a fome,

a sede, a esperança, a palavra, a realização, as ânsias, o desespero, o anelo de perenidade,

a paranóia, a claustrofobia, a contradição e a ambiguidade, a ironia e a ingenuidade),

subjectivizando muito uma expressividade só minha,

arriscando um expor-me que também me oculta ou sobretudo me oculta.

ljlkj

O mais bonito, sobretudo nos últimos meses, foi ter sido encontrado e cativado,

foi também ver nascer, crescer e transformar-se

uma série de projectos ousados nas byte-imediações,

como o Notas Soltas. Foi, por exemplo, ter cunhado o novo nick do Quintino - Tarantino,

além de realizador e produtor, um verdadeiro empresário exigente da bloga.

Sinto que os amigos vão chegando, ficando, partindo, sempre livres de voltar ou não.

Sei que estarei por aqui, entre as carnes suculentas da palavra engendrada,

e navegando mar-alto nesses milhões de blogues planetários

que me faltam descobrir fascinado e depois partilhar com os meus leitores.

lkj

Por esse mundo das línguas, das culturas e dos países,

vi como muitos não gostam de ser descobertos,

desinstalados, concitados a descobrir-nos também.

Alegam a língua como óbice, mas a verdade é que são preguiçosos e tacanhos

para se aventurarem e perderem no outro.

É da sua cultura quer o fechamento quer a rejeição do estranho.

Lamento muito, mas não há caminho alternativo

que o de unir o distante e vincular a causas,

procurar intensamente o longinquamente próximo,

ditando tudo isto uma fantástica forma nova de ser dono e curador do planeta

e do nosso frágil destino comum.