NA NOITE, NOITE APÓS NOITE McESCREVO


Se me perguntares o que é escrever para mim,
tenho a certeza que direi o que direi
tal como outros disseram o que disseram sobre o mesmo assunto,
mas ainda assim di-lo-ei com o sabor inédito do que sou.
Se é verdade que tal ofício muito me gratifica, muito me realiza,
isso deve ficar bem espelhado no que eu diga a tal respeito
ou se calhar nada do que eu diga chegue ao estatuto definitório
do silêncio para falar do que quer que se ame.
Sei que escrever pasteuriza-me a alma,
liquefaz-me a dor de ser e, à medida que me quarentizo e destrintanizo,
mais ela me impulsiona numa mais premente urgência de cio.
Dir-te-ia que escrever para mim é um levantamento,
uma paralização imparável, uma greve à minha condição objectual
comum com a vossa
de serviçais inconscientes do Mercado e da Opinião Massiva:
escrever não me vasco-pulido-valente-violenta,
mas traduz-me uma dimensão minha excrescente para o Alto,
um Alto José Rodrigues-Miguéis
de arroz carolino no subway da vida.
lkj
É noite.
A música eclodiu.
Passo cartões
e certas noites em claro, ansiando por me publicar
blogueano.
É a primeira coisa que faço,
mal chego à casa onde me acoito em ninho.

Comments

Tiago R Cardoso said…
O que fazes muito bem, apesar do bombardeamento textual.
antonio ganhão said…
Ainda bem que o decides partilhar connosco!

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