ALBERTO GONÇALVES, OUTRO QUE FAZ DOER

Onde mais lhes custa, tal como João Miguel Tavares: nos diagnósticos políticos e na substancial verdade que as f., bem forradas e batidas pelo poder, cuspilham e detraem, mediante processos racionais de urdir insultos e argumentar bestialidades com classe e aparente coerência que não valem os cornos da ganadaria Palha. Pois bem, do que este excepcional opinador, Alberto Gonçalves, escreve não se deve perder pitada. Simplesmente excelente! Um uso primoroso da ironia. Uma contundência bem-humorada, certeira, profunda. Um retrato do PS e do seu Mau Show, segundo a realidade desdentada de poder torpe e entorpecido que ele-PS nos devolve. As momices de Lello, inchado, a rir e a gaguejar palermices na sua RTPN, troçando do painel restante, não o bate em hilariante. Não vá o diabo tecê-las, cito-lhe na íntegra o último texto, dado o frequente quebranto dos linkes ao DN sempre que se trate de opinadores que golpeiam esses sugadores clientelares, sem ponta de vergonha, onde mais lhes custa: OS EDUCADORES DA CLASSE OPINATIVA: «Uma recente escola de pensamento defende a moderação, espontânea ou coerciva, do jornalismo em geral e das colunas de opinião em particular. A tese é partilhada por altas figuras da magistratura, políticos conhecidos, políticos ou assessores que preferem o anonimato e, curiosamente ou não, alguns jornalistas e colunistas, entre eles Pedro Marques Lopes, aqui no DN. Enquanto membro da última classe, acho óptimo que se vigiem os excessos dos meus colegas e de mim próprio. Embora nos paguem a opinião, esta resulta muito mais louvável e construtiva se se abstiver de injúrias e levar em conta que os eventuais deslizes serão severamente castigados, mediante multa, prisão efectiva ou degredo. De calúnias e insinuações maldosas está o país farto, ou, nas imortais palavras de um fugaz ministro do anterior Governo, liberdade não é licenciosidade. Claro que os tribunais comuns, useiros em desculpar o pagode opinativo, não servem para impor o devido respeito. Por isso uma personalidade insuspeita como Noronha do Nascimento, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, propôs que sejam os políticos a julgar jornalistas e afins, o que de resto já sucede em todas as nações desenvolvidas, de Cuba à Coreia do Norte. É urgente que, em Portugal, o ofício de colunista deixe de ser confundido com insolentes que dizem o que lhes vai nas cabeças. Dizermos o que vai nas cabeças de outros, principalmente se os outros forem governantes ou avençados, é um enorme passo para a dignidade da profissão. E um pequeno passo para um colunista. No fundo, a mudança que se reclama não impedirá ninguém de continuar a escrever as maiores barbaridades sobre banqueiros em desgraça, autarcas avulsos, líderes da oposição, jogadores da bola, columbófilos e até o presidente da República: insultar tais criaturas não suscita a indignação de vivalma, incluindo do dr. Noronha do Nascimento. Tudo bem espremido, os únicos "julgamentos de carácter" intoleráveis são os que visam a sagrada figura do actual primeiro-ministro. Bastará não produzir uma só linha menos simpática para com o eng. Sócrates e qualquer potencial candidato a correctivos será imediatamente elevado a farol da seriedade e da responsabilidade. Obviamente, não custa nada. Excepto a vergonha, aliás um tique em declínio.»

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