GRAMAR A PASTILHA

Como se tivesse comido uma malagueta e não parasse de se coçar desde o mais fundo de si, o Primeiro-Ministro entrou num afã activista que ainda o levará a substituir Durão Barroso à Frente da Comissão Europeia ou coisa similar. Trata-se de um fantástico líder mundial, como se pode verificar pelos frutos. E isto é sempre a subir. Qualquer oportunidade para escapar ao imponderável peso de si mesmo deve deleitá-lo: nada como sair daqui para clamar por socorro por esse mundo, muito longe de aceitar que ele-Sócrates é parte substancial do problema. Enfim, durante três dias falou portunhol em Madrid. Em Lisboa roçou o próprio buxo com o buxo de Lula, espécie de imperador de estilo que veio condescendentemente até cá para uma condescendente cimeira. A esta hora já estará em S. Paulo. Mais tarde, no Rio de Janeiro, e, se Deus quiser, voará ao país dos negócios de merda para Portugal, a modelar Venezuela. Passará também por Marrocos, pelo Presidente Cavaco, pelos empresários e pela Comissão Nacional do PS. De passagem. Em fadigas de agenda. Ninguém lhe dá crédito. Entretanto, já corre entre alguns socialistas um suficiente desconforto, manifesto no desejo-petição de substituir essa figura simbólica do nosso desastre por alguém mais consentâneo e exemplar. Em Espanha, fala-se em eleições antecipadas, já. Por cá, a covardia é completa, a paz podre apodrece ainda mais. Esbulha-se um povo e uma economia, mas, enquanto isso, ampliam-se mordomias à deputação, mantêm-se excessos administrativos despesistas, anunciam-se e desanunciam-se as mesmas sumptuariedades pelintras-TGV-TTT-Aeroporto. Nem viagens sôfregas do PM, nem fiscalidade monstruosa nos salva: o risco da dívida portuguesa continua a galgar. Teremos mesmo de gramar essa pastilha chamada Sócrates até à dissolução portuguesa? Tanto sangue depois, tantas gerações de valorosos heróis depois, teremos de suportar o último delírio maçónico-socialista, último sinal da espessa necrose nacional, a União ibérica?

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