OS PACTOS DE ALEGRE

O ritual de apresentação formal de Alegre como candidato presidencial, em Ponta Delgada, nos Açores, padece de extremo desgaste. Falta-lhe qualquer espécie impacto positivo. Há muito que a figura pregadora de Alegre cansa na sua retórica pomposa. Em parte por má gestão dos tempos de aparição, mas não só. Negaça após negaça, sobram as palavras opostas aos pactos. Das duas uma, ou se namora o PS sob a patorra maceradora de José Sócrates, e isso é prostituição à luz do que sabemos sobre o estado da arte no conhecimento das lógicas de interesse corruptor e corrompido por que se rege o Poder ainda vigente; ou se namora o PS do pluralismo, esse enfraquecido, timorato, remetido a um mutismo com muita razão envergonhado, dado o espectáculo de despotismo unívoco a que se está a assistir desde 2005. Ver Alegre a bajular, por um prato de lentilhas, o PS de Lello e de Sócrates é contra-natura, espécie de auto-pedofilia, na medida em que o velho Alegre-poeta estupra e subverte a promissora pateta-criança ingénua que há dentro de si. Por isso mesmo, o suprapartidarismo propalado nesta candidatura vale zero. Não passa de conluio com a plutocracia esbulhatória de Ultra-Direita, essa que dispõe para nós o baraço e o cutelo que gregos já vêem impender sobre si. Há em Alegre a clara neutralização de um espírito de resistência pelo Povo e com o Povo ao prestar-se a pactos tão pífios. De resto, o candidato supratretanário está a fazer de Soares. A insistir a destempo. Por que não tenta de novo daqui a cinco anos, sem fedor-frete a socratismo?!