LOCUÇÕES ORDINÁRIAS

Ontem o PM mostrou, uma vez mais, dentro do mesmo abastardar do Parlamento que a anterior legislatura contemplou, com que alegria e agressividade gratuita encara ser Poder: ao ataque como a melhor defesa, denegrindo as instituições da República, PJ, Magistrados, segundo ele mancomunados com o PSD. Foge com o rabo à seringa aos problemas, dissolução nacional em decurso. Atira para o meio um feixe de peões, como Rui Oliveira e Costa e as suas "sondagens". Coisa manhosa. É bem verdade não ter o PM a mínima ideia, por manifesta iliteracia cívica, do lugar que ocupa, o que também não redime a demais classe política no seu todo. Alguém disse que estamos a assistir ao crepúsculo do Regime. O Regime, a República, está completamente comatosa, podre e doente. É um cadáver vivo: as pálpebras voltam a abrir-se e as pupilas, embora afogadas nas trevas viscosas, têm de tempos a tempos uma expressão enigmática, intolerável. É preciso regenerar Portugal e dar-lhe um símbolo impoluto, de mãos limpas e patriotismo inatacável. D. Duarte II! Se este Regime fosse uma Monarquia igualmente podre e decadente, eu seria sem dúvida um apaixonado proponente da República. Não temos outra saída senão refrescar e fazer reset. Veja-se como o clarividente Paulo Morgado continua a pregar no deserto, ontem no Expresso da Meia-Noite, quando obliquamente deixou subliminar serem os partidos da ingovernabilidade, PS e PSD, responsáveis por uma Administração Pública sob saque orçamental e sob deliberada opacidade. Roubam o País. Eis tudo. Tem sido por aí, pela rapina reles da nomenclatura partidária, que fomos chegando a este empobrecimento, a esta opressão dos mais pequenos sempre fisco-extorquidos e mal pagos. Por isso mesmo sempre mal estimulados a produzir. Desviados de uma dedicação ao trabalho à maneira norte-americana. Tem sido por aí que alcançámos este colapso económico muito nosso. Fecho de empresas. Novas centenas todos os dias no desemprego. O Regime cleptocrático não tem vergonha na cara. Porque não o obrigam a capitular antes de maiores danos, capituralá como o moribundo que é. Morrendo às próprias mãos.