A CARCAÇA QUE NOS FUZILA
Nós precisámos em Portugal de um tipo de humanismo e autenticidade que flagrámos em Piñera, excelentíssimo presidente do Chile, qualidades que muito justamente o Pedro põe em destaque. Mas isso é coisa que nem o ressequido Cavaco interpreta, no seu silêncio de rato concentrado em armar uma cilada ao voto. E muitíssimo menos existe, em leve vestígio, na carcaça político-humana que reveste a casa interior oca e devoluta a resumir Sócrates. Pelo contrário! Só por isso torna-se absolutamente chocante ouvirmos-lhe coisas a tresandar de inverosímeis na senda das últimas medidas que foi «obrigado a tomar», como: «Uma dor no coração» ou «Uma dor d'alma.» Nada dói a quem nos não conhece de lado nenhum. Nada dói a quem nem verdadeiramente se cruza connosco na rua, nós, por quem aliás deve nutrir significativo desprezo e ver como ralé, uma vez que a maioria das políticas sem frugalidade nem decência o espelham e quase nenhuma o esconde. Não há qualquer dor no coração num modo abjecto e oportunista de conduzir politicamente a vida, própria e alheia. Não existe!... Eu dizia-lhe o que é que lhe dói. Por uma vez, dêem-nos um ser humano na política! Um Paulo Bento dela. Alguém que nos mobilize, olhos nos olhos, encha de esperança por ser fiável, humilde, límpido. Carcaça que nos fuzile, não!
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