OE: O HORROR ESTÁ NO AR

Este OE supera em larga medida o domínio académico do absurdo ou da locura. Tomemos como exemplo o que se passa nas escolas, sede de todos os congelamentos e barreiras. Pense-se nas esquadras: em ambos os casos predomina uma nova tribo de carolas que trabalham quase de graça, novos escravos. Mal têm para comer, pagar infantário e outras contas. Vão vivendo. Mal. Sem esperança. Sem expectativas. Sem dignidade reconhecida e praticada para acederem a bens culturais e terem orgulho no País que servem. Pede-se-lhes que financiem a própria formação, quando mal dá para se conservarem de pé. Polícias e professores foram rebaixados em troca de quê? Muitos cidadãos adoraram ver no espeto os alvos fáceis de velhos os ressentimentos. Não eram eles. Eram os outros. Agora toca a todos e é brutal. Perante isto, perante tal aperto-anaconda constritiva a velhos e crianças, a caloiros eternos precários no trabalho, a funcionários públicos, aos supressão de apoios sociais, percebe-se cada vez pior que este Governo mantenha o projecto de construção do Novo Aeroporto de Lisboa, segundo consta no relatório preliminar do Orçamento do Estado para 2011: «Em relação ao Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), prosseguir-se-á o processo com vista à sua contratação, concepção, construção, financiamento e exploração», assim como continuarão «as obras de expansão do aeroporto da Portela para fazer face ao aumento da procura até à conclusão do Novo Aeroporto de Lisboa». Um País, que não é Suécia nem Suíça nem Luxemburgo, tem afinal governantes que olham para as infraestruturas como aspectos bem mais importantes que as pessoas, o seu bem-estar, a melhoria dos seus padrões de vida. Sobre o projecto de alta velocidade, este Governo quer dar «início à execução das obras constantes do contrato de concessão do troço Poceirão-Caia, do Eixo Lisboa-Madrid, o que deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2011» e «o relançamento, em tempo oportuno, do concurso para o projecto, construção, financiamento e manutenção da infra-estrutura do troço Lisboa-Poceirão». Estou convencido de que se estas obras fossem submetidas a referendo, conforme fazem governos que respeitam e consideram os seus próprios povos, seriam rejeitadas ou adiadas. Mas isso não se pode exigir neste simulacro pífio de democracia remendada.

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