CHEFE MAS POUCO

O Chefe de Estado foi pouco chefe e menos ainda de Estado. Não me lembro de figura mais inútil e decorativa desde o General Óscar Carmona. Amanhã ritualizará a sua recandidatura a Belém. Não é, naturalmente, o meu candidato. Acabou-se a minha lealdade política à inanidade e à fonte de toda a espécie de insatisfações de Regime. Sócrates representou a Razão mais absoluta, desde o Ultimato Inglês, para uma ruptura abrupta, custasse o que custasse: mesmo a reeleição, mesmo uma Crise Política. Uma Crise Política a tempo e horas salvar-nos-ia disto-Bancarrota, deste haraquiri à economia, deste esmagamento do português comum. Onde estava Cavaco, enquanto o socratismo cevava os seus, desbaratava recursos, malbaratava o nosso futuro, medrava no seu perpétuo embuste propagandesco?! Clamámos por Cavaco de sobejo. Depois da vitória de 2006, vejo que o mandato cessante não serviu de nada: alertou subtilmente para os problemas que agora deflagram e os seus agentes políticos, pulgões-glutões dos Orçamentos, mas não impediu o descalabro presente, tendo até traços de perversa ou ingénua conivência silenciosa com o pomposo tiranete Primadonna. Por isso, Cavaco e não Cavaco dá no mesmo. «Prefiro lírios, meu amor, à Pátria».

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