HOMOLOGIA DA FENDA

No Chile, há um fenómeno transversal de empatia e solidariedade na sociedade por causa de um punhado de homens bravos, só agora resgatados ao ventre abissal que já lhes era túmulo. Por isso, hoje somos todos chilenos ao testemunhar esta espécie de chill out universal. Em Portugal, há um buraco em que todo o Povo está metido, buraco perante o qual a frieza dos homens é completa. Os que soterraram as hipóteses de futuro do País, envergonharam eleitores, contribuintes e cidadãos, não se tocam, não se retractam, não se demitem, não se penitenciam, não dão o exemplo, não corrigem desperdícios, não têm nada a dizer. Pelo contrário, fazem toda a questão de se reeditar, perpetuar com a contrapartida da discrição e do silêncio. Deus lhes perdoe que nós não conseguimos. A fenda por onde se vaza e resvala Portugal pode ser bem pior que os nossos pesadelos mais loucos. Portanto, convém que o espécimen responsável se conserve no seu pífio posto, ainda que completamente alienado, ainda que inteiramente alucinado, até cabal apuramento da profundidade da sua obra: este fosso de dívida; este fim do crédito externo; a recessão.

Comments

Anonymous said…
Ainda bem que o problema com a mina não foi em Portugal nem está lá debaixo o José Sócrates, caso contrário a construção civil parava por falta de betoneiras.
josé carvalho said…
Tão mau como fazer é deixar que se faça. Se o espécimen se conserva no seu posto, alienado, alucinado, eternizado, é porque alguém institucionalmente acima vem permitindo que isso aconteça, não obstante os recorrentes episódios de farta inaptidão e logro protagonizados pelo espécimen-chefe. Diz o nº 1. do artº 191º da CRP : "O Primeiro-Ministro é responsável perante o Presidente da República ...". Não parece que assim seja, nem o interessado tem feito para que assim se pareça.

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