DRAGO E A ALIANÇA HERMAFRODITA

Muito a propósito, Ana Drago recorda os malefícios do Último Cavaquismo, o da grande decomposição e colonialismo clientelar do Estado, o do olho exclusivo no currículo para Presidente da República, fase negra que grandes danos causou à coesão e ao desenvolvimento do País. Parece-me que esse erro não poderá voltar a ser cometido por um qualquer governo futuro. As nomeações políticas têm de acabar ou pelo menos sofrer enormes constrições sob pena de a sangria de recursos vitais continuar, assim como a transparência nula e a nula accountability, pecha conveniente nos Governos Passentos do Regime putrefacto republicano. Mas há uma diferença entre o Último Cavaquismo Esgotado e este Abominável e Irrepetível Socratismo. O carácter de Cavaco nunca esteve em causa. A sensação de oprimência e de retaliação nunca foi tão atomizada como hoje chegando à escala invasiva do indivíduo opositor ao Sistema de Poder Socratesiano. A pessoa que se opõe e contesta compra problemas sérios, tem constrições graves e no limite ostraciza-se completamente como no ápice do Salazarismo. Esta distinção ficaria bem a Ana Drago a não ser no pressuposto, ainda putativo, mas quase certo, de que o BE fará as vezes do PP numa igualmente putativa aliança hermafrodita, alien, pós-eleitoral com este PS, caso resulte vencedor minoritário. Caso em que faria sentido deixar de votar num Partido que Dorme com o Inimigo que forceja manter-se à tona do Poder, do Dinheiro, dos Tachos, da consabida imoralidade política habitual, continuando a esconder o jogo dos números da economia e respectivo desastre agravado: «“A doutora Manuela Ferreira Leite fez parte de governos no tempo do professor Cavaco Silva em que se percebeu exactamente o que significava asfixia democrática e portanto vejo com alguma surpresa que seja Manuela Ferreira Leite a falar da questão nestes termos. Lembramo-nos bem do fechamento do país, do assalto ao aparelho de Estado por parte do PSD nos tempos do cavaquismo, não nos esquecemos", comentou.»