NO PAÍS DOS SACANAS
Jorge de Sena conhecia por demais a espécie e caracterizou-a como ninguém. Ao ler o poema a seguir transcrito, pense-se no Bloco de Centro, mas sobretudo no lado particularmente pernicioso, cosanostresco, ultradevastador do erário público, mafioso de este PS, cuja dedada sôfrega não poupou departamento nem pessoa, não deixou pedra sobre pedra, tudo fazendo pelos seus. Este PS, partido de Elisa Ferreira, Ana Gomes, Vitalino, Lello, ASS e Vital, partido que vai estrebuchando, mentindo e cuspilhando até à urgente evidência da sua evicção, está todo dentro no poema de Sena:
lkj
«Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?Todos o são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade da próstata ou das glândulas lacrimais,
para além das rivalidades, das invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.
klj
Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?
lkj
Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência,
a justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.»
lkj
Jorge de Sena, 10/10/1974
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