OPTIMIZE-SE MÁRIO ASSIS FERREIRA
A falta de escrúpulos veio para ficar. Nunca nos abandonou uma mentalidade esclavagista, mentalidade de negreiros. Só assim se explica que o lado do trabalho esteja sempre a perder. Ataca-se o trabalho com direitos. Anulam-se os mais antigos funcionários e chama-se a isso gestão. O Lucro excepcional terá de ser ainda mais excepcional: no primeiro semestre deste ano, os proveitos dos três casinos foram de 114,9 milhões de euros, menos 8,9 por cento do que em idêntico período de 2008. Mas não são os Mário Assis Ferreiras que contribuirão para esse peditório, sacrificando-se exemplarmente. Não. Pensar em cortar despesas é despedir, naturalmente. Trocam-se funcionários com décadas de casa e com direitos laborais adquiridos por outros mais dóceis à precariedade, à despedibilidade e à desprotecção social. Gestão deve ser isto. Optimização deve ser isto. E ninguém se rebela com esta converseta cínica?: «Para enfrentar a crise, diz Mário Assis Ferreira, é necessário encontrar um novo modelo de negócio, o que, por vez, implica mudanças na empresa, conduzindo a “uma profunda alteração na estrutura orgânica”. O que significa “não apenas a extinção de postos de trabalho que já hoje se evidenciam como excedentários” como “a equilibrada racionalização no esforço exigível em todos os sectores”. Não foi possível, no entanto, apurar o número de postos de trabalho que poderão ser atingidos.»
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