AS RODAS DO JIPE

Quando o sangue sobe à cabeça do patrão, as rodas do veículo fazem o resto e os outros corpos é que pagam: o proprietário do Intermarché de Vila Nova de Famalicão avançou com o seu jipe, hoje de manhã, quarta-feira, contra um piquete de greve que se encontrava no passeio junto ao supermercado. Duas pessoas ficaram feridas. Evidentemente que o povo é pacífico. E sereno. Sugestão de leitura: o direito à Greve está consagrado na Constituição da República Portuguesa (Artigo 57.º) e traduz-se numa garantia, competindo ao trabalhador a definição do âmbito de interesses a defender através do recurso à Greve. Mais se acrescenta na Constituição da República: a lei não pode limitar este direito! Pois, mas na prática, avulta o assédio, a violência, a progressiva castração de esse velho direito do século XX, inútil porque neutralizado no século XXI, ao qual se deverá aprender a dizer adeus, parece. 

Comments

Anonymous said…
Haja bom senso no exercício dos direitos. A passo acelerado esta manhã para vir trabalhar (porque vou fazer o que? Roubar um dia de trabalho ao meu patrão que é honesto e trabalhador e está a ser chupado pelo Governo bem mais do que eu?) notei muitas estações de metro encerradas. Em muitas dessas estações têm a sua actividade diversos estabelecimentos comerciais. Vêm-me dizer que o indiano da tabacaria ou o sapateiro ali do lado que por acaso têm as suas lojas ali quiseram aderir à greve geral? Ou não lhes terá sido imposta esta situação? Eu sou uma pessoa pacífica e tento não passar a ferro ninguém mas garanto que se tivesse uma loja a funcionar, se quisesse abrir a MINHA loja e me obrigassem os grevistas a ficar com ela fechada por imposição do sindicato passava-me. Ai passava-me !
Afinal a greve é um direito ou uma imposição ?

Virginia

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