QUANDO TUDO SE DESFAZ
Em Portugal, enquanto tudo se desfaz, a desfaçatez ganha a dianteira. Não pondo de parte possível dolo destas urgentes melgas dos últimos recursos do civismo, o certo é que todo o ano de 2010 demonstra à saciedade que há um défice de violações ao segredo de justiça comparado com o excesso de impunidade entre os políticos ladrões, mentirosos e desonestos e as suas danosas clientelas devoristas. Aliás, todo o Regime português assenta numa série de perversidades que, tal como o mesmo Regime, se estão a desfazer graças ao grande crivo e à grande verdade inscrita na iminência de bancarrota. Há males que vêm separar o nosso trigo do nosso joio e tivéssemos Povo lúcido e inteligente capaz de punir e de aprender, já que manifestamente se mostrou incapaz de prevenir isto, tão estupidamente indiferente e alheado ao que lhe diz respeito — a Política é algo de Nobre e exige Excelência! — ao ponto de se deixar conduzir para o matadouro de empobrecer, para dizer o mínimo. O esmagamento prometido para 2011 tem responsáveis. Activos e passivos. Responsável activo absoluto e sintético, o Governo PS. Uma matilha sôfrega de políticos pela politiquice de prevalecer a todo o transe sem honra nem sentido de Estado. Responsáveis passivos e trangalhadanças, os eleitores frouxos e distraídos na clubite de votar, sem estudo nem sabedoria, ou não votar. Responsável passivo, tosco, o PSD pela desordem interna e a transigência com a devassidão de processos do PS-Governo/Estado-PS quando os piores sinais eram há muito por demais evidentes. Responsável passivo, totó, o Presidente da República, absolutamente frouxo e conivente, apesar de ser uma pessoa decente, sóbria e boa, o que, perante chantagistas e ladrões, exige bem mais que avisos e outros gestos a medo. Agora que é tarde, faça-se ao menos luz sobre o lodo.
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