MANUAL DE PACTULOGIA

Os partidos são uma coisa muito cúmplice e repleta de pactos cuja sebosa ponta nem vislumbramos. Vasco Pulido Valente escreve qualquer coisa de muito pertinente que explica por que motivo eu não sou bem-vindo na grande tribo do politicamente correcto, por que motivo a Helena Matos já defende Sócrates dos excessos no CM, por que motivo nem uma linha escalpeliza as últimas duas legislaturas, nenhuma linha é sequer esboçada quanto mais escrita, e por que motivo, enfim, não sou admitido no lóbi das coisas lavadas e enxugadas que se escrevem na bloga nacional de que pensei fazer parte: «Mas quando Sócrates desapareceu, os políticos da direita e da esquerda decidiram que chegara a altura de mutuamente se absolverem das misérias da Pátria. E, por sua própria força e autoridade, decretaram que a partir do glorioso advento de Passos Coelho a regra era o esquecimento. Esta amnistia geral impede qualquer crítica pertinente, venha ela de que lado vier, e estende um fofo manto de suavidade sobre a nossa torpe e apática vida pública.» Fica mais claro que o facto de eu ter memória e ousar estender o dedo indicador, como cidadão, à malfeitoria política contumaz socratista, me exclui do convívio dos amnésicos de que Pulido Valente fala. Fico assim à parte de todos aqueles que, tendo combatido o que combati, dispensam agora que se recordem culpados, se apurem responsabilidades, se faça um tipo de justiça que por cá não se usa, quando todos os inconspícuos Barroso e Sócrates podem descansar, cada qual com o seu lastro, exilados de modo conspícuo e dourado. Não me posso inscrever nesse pacto nem nessa rasura. Fico posto de parte, como as espinhas na borda do prato do passos-coelhódromo e quejandos.

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