«ESTEJAM QUIETAS COM A CAMA!»

O trabalho jornalístico de Miguel Carvalho, adiante citado, é primoroso e merece boa leitura. Aprende-se muito. Todas as leituras complementares da figura Salazar que nos dêem os figurantes aleatórios que o rodearam, como Rosália Araújo, complementam-nos a nós, compõem a portugueseologia que nos falta especialmente nesta hora em que recolhemos, impotentes, temerosos e com esta raiva amordaçada, os agraços dos anos ávidos da jacobinada socialista, a factura da grande devastação lesa-pátria socialista, os efeitos nocivos da democracia tomada como pretexto para a impunidade da criminalidade política mais crassa, essa inter-partidária, mas notoriamente mais de assinatura socialista, dado a recente capitulação e pré-falência nacionais terem sido obra sua. Depois de Salazar, veio Soares. Com ele, começou a medrar todo um sistema malicioso dado à permissividade selectiva: ao mesmo tempo que nos castiga e oprime no plano económico e fiscal, vai perdoando largamente a políticos gangsters qualquer crime, a reiteração de qualquer crime, qualquer prevaricação, qualquer abuso de poder, qualquer veleidade de auto-eternização no cargo. No fim, vêem-se premiados com as delícias do furto aos contribuintes e condenando milhões de cidadãos à mais vexatória penúria, ancorados a dívidas incomportáveis pelas décadas das décadas. Não poderiam tais consumadas bestas democráticas ter ao menos a virtude de não falhar na sustentabilidade do Estado Português e nos pressupostos da nossa soberania garantida, coisas em que Salazar não falhou?!: «Em São Bento, onde Salazar por vezes vegeta, há quem veja miragens de melhoras. «Não se iluda, senhor director! Ele mija na cama e borra-se todo!», dirá o motorista Furtado a Costa Brochado, jornalista e intelectual salazarista. No palacete, escasseiam as visitas ao morto adiado, abundam fraldas, transfusões e preocupações. «Era do cadeirão para cama e da cama para o cadeirão.» O tremor de terra que assusta Lisboa em 1969, abana os candeeiros em São Bento e apanha o ditador prostrado, entre lençóis, com as enfermeiras em volta. «Estejam quietas com a cama!», atirou ainda Salazar, emergindo por momentos dos confins da alma.» Miguel Carvalho

Comments

Anonymous said…
Parece que perante Salazar os jornalistas, dramaturgos e restante inteligentzia portuguesa que vive entre o Rossio e Chiado, fica sem acção. Entaramela-se a língua, bamboleiam as pernas e é isto.

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