RÁPIDO COMO OS AVALES DO ESTADO

Pode o Partido Sôfrego do Poder andar por aí a alardear eleitoralescamente as próprias políticas sociais, a sua sensibilidade social. A verdade é que só muito lentamente, devagarzinho, num ritmo tão imperceptível quanto o nada, milhares de portugueses sem chão [sem qualquer espécie de subsídio ou apoio do Estado] são levados em linha de conta. E mal. A mesma hipocrisia que emite avales do Estado ao sistema bancário, e o faz num pronto, fica paralisada perante milhares de portugueses sem quaisquer oportunidades de trabalho, sem qualquer esperança de emprego, sem qualquer subsídio social minimizador da própria marginalização social a que uma miséria progressiva os remete, círculo vicioso. O convite a emigrar e a despovoar o território é irresistível. E muitos cumprem-no em Angola, nos países europeus habituais. Falha um Estado Desalmado com as pessoas. Pródigo com MegaEmpresas na promiscuidade que se conhece. Falha a incúria incapaz de um Estado oprimente com as pequenas empresas porque com elas avaro e desproporcional no Fisco. A esses milhares desprovidos, esses que completam o quadro de dois milhões de pobres, o que lhes vale é o tecto proporcionado pelos seus próprios pais ou avós. Pára-choques de políticas desalmadas, pára-choques da grotesca sociedade desigual até agora urdida pelos Governos antes de mais nada Clientelares do PS e PSD são as gerações mais velhas. Gente estabilizada por ter casa própria, poucas dívidas ou nulas, e alguns rendimentos. Gente na casa dos Setenta anos, dos Oitenta, dos Noventa e que vale aos seus filhos e netos, pelo menos na telha e na sopa. Filhos, netos encurralados. Esmifrados por um Fisco nos últimos quatro anos impiedoso, obscenamente retroactivo, injusto e letal sobre quem menos tinha e podia. Filhos, netos sem absolutamente nada a esperar por cá. Enquanto isso, é um rigoroso Zero qualquer espécie de basculação solidária proporcionada por iniciativas privadas sensíveis à miséria que alastra, tirando o paliativo da dimensão alimentar básica. Em rigor é cada qual por si. Exploração selvática? Toda a possível. Garantismo de direitos laborais consagrados? Erodidos. Eis o País da Precariedade Laboral e do Desemprego mais cruéis e completos: «Se o desemprego começou a afectar cada vez mais trabalhadores sem direito a subsídio de desemprego ou mesmo a subsídio social é porque parte considerável do mercado de trabalho não possui esses períodos de descontos. Seja porque se torna cada vez mais difícil encontrar empregos com prazos prolongados de desconto e os contratos a prazo não permitem aceder ao subsídio; ou porque formalmente não têm qualquer tipo de contrato, como é o caso dos "falsos recibos verdes".»

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