CAMILO PESSANHA

Um Poeta fantástico recordado pelo João Severino.
Eu recordo um poema que me diz quase tudo:
l
Esvelta surge! Vem das aguas, nua,
Timonando uma concha alvinitente!
Os rins flexíveis e o seio fremente...
Morre-me a bocca por beijar a tua.
l
Sem vil pudôr! Do que ha que ter vergonha?
Eis-me formoso, môço e casto, forte.
Tão branco o peito! — para o expôr á Morte...
Mas que ora — a infame! — não se te anteponha.
l
A hydra torpe!... Que a estrangulo... Esmago-a
De encontro á rocha onde a cabeça te ha-de,
Com os cabellos escorrendo agua,
l
Ir inclinar-se, desmaiar de amor,
Sob o fervor da minha virgindade
E o meu pulso de jovem gladiador.

Comments

Popular Posts