DESERÇÕES

Desertaste de mim. Por isso estranho-me como um tecido gasto, num mundo em que todos se deliciam com o efémero e por isso a ele me consagrei. Efémero tudo, sem ponta de poesia ou silêncio ou mistério. Desertaste do sabor de cada página, e eu correndo em vão pelas ruas, as mais das vezes nu, nesta espécie de transmissão ininterrupta de nada para ninguém senão eu mesmo. Estou cansado. Sou um pontículo só, usado e largado, ente desprezível para os demais, debalde consumido de ânsias e sonhos notórios. Desertaste.

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