E A MERDA SOU EU?

Mais de cinco anos de bloga, muita paixão, muita luta, entre derrotas e vitórias, um imenso querer bem a Portugal, passando por esticar o meu pescoço desde a mais obscura obscuridade para a notoriedade de que gozo presentemente, não o escondo, e vai-se a ver, para quê? Para quê emitir opiniões livres de agenda e compadrio, para quê forçar o debate para/contra os vícios da partidocracia e da orgânica viciosa do Estado, para quê fazê-lo livre do interesse conveniente e conivente em tanto blogue que se arregimenta colectivo apenas para inchar como cogumelo espontâneo da hegemonia fácil e servir uma política, um partido, um poder estabelecido? Quem mas lê e valoriza sem se remorder ou de ódio ou de inveja ou de um certo e misterioso desejo português de desprezar instintivamente o que não sejamos nós a fazer e a ser?! Não posso chamar amigos àqueles que aprendi a admirar sinceramente mas, em retorno, se conservam no Olimpo mais desprezivo e me esquecem como o tal utensílio patusco entretanto obsoleto. Fiz o meu caminho a solo. Resisto a solo. Outros vêm e vão. Outros matam e parturejam novos blogues-bebé como crianças desmantelam brinquedos e depressa se aborrecem deles para comprarem novos, mais caros, diferentes, perpetuando o ciclo de novidade, curta-duração, cansaço, fim. Mas a merda sou eu. O imbecil sou eu. O desprezível sou eu. Ok. Ainda não viram nada, com a Graça de Deus. 

Comments

Nuno Oliveira said…
"Quem mas lê e valoriza sem se remorder ou de ódio ou de inveja ou de um certo e misterioso desejo português de desprezar instintivamente o que não sejamos nós a fazer e a ser?!"

Eu, pelo menos, mas cada um que fale por si.

Percebo o texto e o conteúdo do seu post, no entanto o primordial não encontro:
Porquê? Ou antes, em resposta a quê?

Cumprimentos.
joshua said…
Nuno, o texto está um pouco encriptado, mas tem como alvo um conjunto de bloggers com os quais nos vamos relacionando com o passar dos anos, neles percebendo bem, por experiência, um certo segregacionismo, ostracismo ou exclusão relativamente a outros bloggers.

É este um mundo bastante competitivo e infelizmente selectivo no mau sentido. Disso me queixo desde há muito em defesa de colegas e num ímpeto de afirmação do meu contributo cívico.

Blásfémias, 31 da Armada, O Insurgente, são blogues que têm linkados blogues mortos há anos enquanto ignoram outros, vá-se lá saber porquê, que resistiram, singraram, conquistaram alguma relevância e foram até poderosos pela irreverência e frescura. Porquê? O desprezo, a exclusão, a negação das evidências tem uma motivação: não se pode ser inconveniente com tais deuses com milhares de leitores/dia. Não nos passam cartão na medida em que não possamos ser controlados.

Só isto. Abraço.
Nuno Oliveira said…
Há muito que o leio, Joaquim.
Muitas vezes concordo inteiramente consigo, muitas outras discordo totalmente, outras ainda não sinto interesse o suficiente para, sendo intelectualmente verdadeiro, pensar sobre o assunto e decidir se concordo ou discordo.
O mérito de ser igual a si mesmo pertence-lhe.
Não o perca, por favor. Da minha lista de leituras fará sempre parte.
Abraço.
P.S. vamos mas é ver o FCP e badamerda com elitistas cagamerdeiros!!
Daniel Santos said…
mas que bem... este é o Joshua que eu aprecio.
Anonymous said…
Se o faz sentir melhor ... "só se atiram pedras nas árvores que dão fruto".
Podemos substituir a imagem meio ahmadinejad-ista do atirar de pedras por essa mais comezinha da exclusão - a ideia é a mesma.

Virginia
Karocha said…
Joshua

Já tinha reparado!
É para o lado aonde durmo melhor, pensam que são importantes?é deixa-los...

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