UMA AVÉ-MARIA POR PASSOS COELHO

Avulta aos olhares mais nervosos a ideia de que o Executivo passos-coelheano enveredou quase exclusivamente pela depredação fiscal dos rendimentos do trabalho sobre a classe média e média alta. É falso se se disser 'quase exclusivamente'. Mas eu diria que é preferível uma rápida e prodigiosa resolução do défice, dos nossos desequilíbrios, dos desfalques instituídos há décadas no aparelho de Estado e obter assim uma rápida retoma económica, do que seguir aos bochechos por aquelas medidas tomadas a medo, mantendo intactos os vícios velhos de trinta anos, atirando com o País para uma arrastada, profunda e prolongada recessão. Seria tal abismo para que nos atirassem inapelável. Se tem de doer, que doa rápido, pelo mínimo de tempo possível. Contra esta determinação levanta-se a prudência questionadora de Manuela Ferreira Leite, que não soube fazer, de Marques Mendes, que não soube liderar, de Lopo Xavier, que é mestre em oratória e um inteligentíssimo teórico cingido de uma assinalável vaidade pessoal, de José Pacheco Pereira, perito em terrorismo imaginário e em cenários apenas na sua cabeça, em Vasco Graça Moura, voz de adamastor que ecoa bramindo e bradando, em Pires de Lima, repleto de agenda pessoal e a ânsias mediáticas  ora todo esse levantamento cheira a medo e à moderação timorata dos que não atam nem desatam. Sim, quer queiram, quer não queiram, temos a troyka, o mau exemplo dos gregos e temos a agente infiltrada dos bancos alemães, a senhora Merkel. Para que nada se nos aponte e nenhum pretexto seja dado, temos de fazer mais e ir aonde não seria esperado. O que inferir de a chancelerina ter querido receber o anterior primeiro-ministro, José Sócrates, antes de receber o actual primeiro-ministro, Passos Coelho? Absolutamente nada. A secreta alemã há muito autopsiou o senhor Sócrates para convertê-lo, em virtude de factos assombrosos, na mascote, bobo e fonte de riso da chancelerina. Ele é uma espécie de entretenimento pessoal antes de passar a coisas mais sérias como receber o actual PM de Portugal. Nenhuma esperança e convicção, porém, nos isenta de rezar nem que seja uma avé-maria por Passos Coelho.

Comments

Contra.facção said…
Joshua
1 ave maria é muito pouco, talvez um rosário e espera-se que PPC reze o ato de contrição... Só falta um ano para chegarmos à Grécia de Sócrates...
floribundus said…
ou pagam o que andaram a comer
ou não comem
o jpp fica mais elegante

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