LOUÇÃ, A MISSÃO HERÓICA DE CASTRAR O PS

Nunca me senti desconfortável com o orginariamente burguês-bem, burguês-rico-lisboeta, Louçã nem com o Bloco. Todos os Países civilizados necessitam de folclore e de uma narrativa que roce a história da carochinha e o Bloco forneceu-no-la com significativa alacridade. Também não nos faltou com abundante matéria suculenta: a submersão de Manuel Alegre ainda mais fundo no Nada; a marcação cerrada aos grupos Mello, Espírito Santo; a bandeira anti-hospitais privados; o agitar das águas relativamente à Galp, à Cimpor, à Amorim, o assassínio higiénico do PEC IV com concomitante defenestração de um Estado-PS latrocinante e obsceno, uma das coisas mais heróicas por que o Bloco votou. E eis-nos no fim do papel de Louçã como líder do Bloco, de cujo afastamento ele próprio vai falando sem falar, remetida que está tal questão para a Convenção com o que quer se decida. Louçã, o Bloco, são ténias entre outras ténias do sistema partidocrata português e é por isso que elogiar ou ter combatido no passado o Filho da Puta que hoje ri em Paris serviu sobretudo os propósitos e os limites de autopreservação desse partido à mesa dos orçamentos, os quais, já agora, pagam a subsistência dos demais partidos, pagam os seus limites e a sua urbanidade, pagam a sua covardia e pagam também a espessa incompetência laxista que os recobre. O Bloco tem futuro? Tem. O curto prazo. O sobreviver. O futuro de 9% de intenções de voto do eleitorado que ainda responde a telefonemas na hora de jantar à medir-nos o pulso à revolta e à frustração. 

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