25 DE ABRIL — MATAR O CENTRÃO!
Depois de escutar as parcas palavras de Cavaco, hoje, 25 de Abril, 2009, em plena hecatombe económica nacional, em plena fome deflagrada, em pleno placebo propagandesco governamental, em plena glutonaria plutocrática irresponsável e indiferente aos pequenos, em plena devastação da confiança, em plena desilusão com as promessas de sucessivos governos, em pleno naufrágio da Economia e do crescimento prometido, em plena falência da Justiça, percebo melhor o que ainda se espera, — e Cavaco espera! — do clube dos partidos estruturantes, implicitamente o PS/PSD, o Centrão, o núcleo responsável pelos assaltos clientelares mais ávidos aos OEs e depois com desculpas alijadas para a Sociedade Civil, cinicamente imputadas àqueles que trabalham. Mais do mesmo. Espera-se mais do mesmo. O Regime fenece. E os seus supostos agentes directos, eleitos, representantes, não o sentem. Na verdade, estão sitiados pelo olhar geral, que os responsabiliza, sem se darem conta. O 25 de Abril já não pode celebrar-se exultantemente sob o prisma da esperança e das promessas de uma Liberdade Digna. Bastaram quatro anos para se sentir que a Liberdade que os poderes políticos procuram implementar em Portugal e dar de veneno-presente aos Portugueses é Castrante e Indigna. Baseia-se no empobrecimento cavado de uma esmagadora maioria (frequentemente enganada quando lhe é vendida a ilusão de que há um problema de qualificação subjacente ao emprego precário e mal pago, subjacente ao desemprego mal apoiado, subjacente à baixa da produtividade [afinal, mal orientada do ponto de vista da gestão], quando é exclusivamente o Lucro, e não a dimensão social estruturadora do Emprego, a determinar as Políticas Económicas, muito mais interessadas no favorecimento crasso aos Empórios e Megapólios Nacionais e Internacionais, muito mais interessadas no Investimento Público que alimenta exclusivamente os mais fortes-Engil) empobrecimento cavado esse por Elites Mercenárias na concepção que têm da totalidade do País e do conjunto do seu Povo. Ora, mais do mesmo, não. O PCP nefasto do Passado imediatamente pós-aprilino é claramente imprescindível no Presente para equilibrar o irresponsável abismo instituído, contra a rasura a que assistimos de uma democracia assente na vontade popular, contra a mentira como mecanismo omnipresente do actual Executivo, contra a demagogia e o "enriquecimento inexplicado" de políticos já impossíveis de tolerar. A sofreguidão pelo Dinheiro e pelo Poder contaminou terminalmente os fundamentos da República. O mal é ser quem é o que a exemplifica e com amplo cinismo a pratica no preciso momento em que diz outra coisa. Questionem-se por que motivo o agressivo e destravado sr. Sócrates não tem como prioridade efectiva o bem-estar das pessoas nem tem empatia com que sofre, nem uma palavra digna de crédito, antes se elege a si mesmo como excelsa prioridade e ao seu sacrossanto Ego/Imagem/Foto como uma espécie de Absoluto à prova de blasfémias. Antes encabeça um movimento travestido de democrático capaz de tudo para merecer o apoio dos mesmos poderes que cura de proteger e salvaguardar. Se as pessoas são assim secundarizadas pelos bons negócios que o Estado patrocina para proveito de esta elite repetida que dele se apodera, segundo critérios endividatórios devastadores, estamos condenados. Trata-se de uma gigantesca tentação para quem não tem escrúpulos e, disfarçando com activismo retórico o presente, sequestra e faz perigar o futuro. Antes que o Centrão termine o serviço de nos pulverizar a nós, enterrando-nos ainda mais, seria bom que fossem os eleitores, em massa, sem abstenção, a pulverizar o Centrão, enfraquecendo-o e remetendo-o à Crise moral e ideológica que tanta falta lhe faz porque regeneradora e humildatória. Humanizado e renovado esse núcleo libertino infecto de pecado cívico, num tempo novo, talvez só então este discurso-que-espera de Cavaco fizesse algum sentido: «Cavaco Silva pontuou o seu discurso esta manhã na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República, com a crise que mergulhou o país em “tempos muito difíceis”. No entanto, o Presidente da República considera que, “se forem tomadas as decisões certas, a crise será vencida”.»
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A minha visão política, alterou-se completamente, após ler o livro.