H1N1 COMO BOLEIA DE CHARME

Num processo tão dinâmico e sujeito a reversões, como parece comportar-se esta perigosa estirpe gripal, nenhum discurso pode ousar ser assim tão definitivo. Acima de tudo não pode narcotizar o público nem induzir a uma falsa tranquilidade. O excesso de mediatismo da ministra da saúde, nesta matéria, serve apenas para fazer esquecer que há um problema enquanto se passa a relevar haver uma só voz agindo sobre ele. À falta de bons actores políticos, qualquer bóia incidental, como a progressão global do H1N1, é agarrada num certo primarismo comunicacional fácil, reincidente e reiterado. Definitivamente, o Governo não foi constituído para tarefas omnipresentes de relações públicas ou para a rotação de actores segundo critérios de exposição favorável e de imagem oportuna. Não foi. Mas mesmo aí, a passerelle foi integralmente açambarcada e esgotada por um só até à agonia, ao excesso emético dada a insultuosa abundância de Aparições Anunciantes do Zero e do Oco: «A ministra da Saúde Ana Jorge esclareceu hoje numa conferência de imprensa que não se confirmaram as suspeitas que caiam sobre duas portuguesas que regressaram domingo do México e que apresentavam um quadro clínico gripal. As duas mulheres não têm o vírus H1N1, da gripe mexicana, tal como já tinha adiantado hoje ao PÚBLICO o director geral de Saúde Francisco George.»

Comments

Marcos Santos said…
Josh, aqui a coisa anda numa mistura de letargia de gabinetes por conta do governo e um frenesi de tiros para todos os lados por conta da imprensa. O que sabemos de verdade dessa história é que, independente da gravidade ou não do caso, mais uma vez o México está quebrado.
Daniel Santos said…
Acho que a Ministra esteve bem a dar a cara.

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