VÍTOR BENTO E CORRUPÇÃO ECONÓMICA

Vítor Bento tem muitas ideias e tem tido também sugestões peregrinas e até idiotas para supostamente pôr a produtividade portuguesa nos eixos, baixando os salários mínimos e médios. Evocar o caso argentino é curioso uma vez que cumpre destacar o papel das indicações erróneas do FMI na orientação da economia argentina e também dos governantes argentinos que a dado passo fizeram exactamente como Frei Teixeira dos Santos ou como este Governo e Legislatura, a saber, falsearam para cima os números reais da economia, piorando ainda mais os desempenhos económicos na medida em que a falta de realismo não permitiu a atempada tomada de medidas preventivas da parte das famílias e dos agentes económicos. O tal optimismo irresponsável e imprudente. Essa atitude irresponsável designa-se, a partir de então, de argentinização, manipulação grosseira e defensiva dos números reais da economia. A desonestidade global de muitas políticas do actual Governo (fiscal, profissional no âmbito do Estado, homologadora do sector público aos critérios mais selváticos do neo-liberalismo) também passa por este aspecto. Por isso, se pudesse, perguntaria a Vítor Bento se, de acordo com as suas ideias, a nossa produtividade se alavancaria mais num combate agudo à corrupção político-económica, à morigeração dos salários mais abissais, obscenos, desnivelados, ou, como tem ousado defender, mais pelo corte em razia dos salários mínimos e médios. Provavelmente, a resposta de Vítor Bento passaria por defender que quem recebe o mínimo de 450 euros em Portugal deveria regressar aos 380 e quem recebe o salário médio de 840 euros se deveria contentar com 500 euros porque com isso aumentaria o emprego e a produtividade. Creio, pelo contrário, que a emigração explodiria, a procura interna, por uma vez, colapsaria e os ganhos dos Oligopólios Galp, EDP, PT e quejandos cairiam também abruptamente, ao passo que as mercearias das esquinas e os lupanares observariam um admirável reflorescimento. Enfim, se é verdade que os economistas têm sido, desde há décadas, daninhos estimulantes de um optimismo a médio prazo angustioso, falhando previsões, induzindo em despesismo governos e famílias, gerando dívida desnecessária, e se qualquer um pode especular e publicar livros, por que não alvitrar intuitivamente sobre a nossa Economia pelo andar da carruagem?!: «Vítor Bento assumiu o papel de pessimista e lembrou o contributo dado ao longo dos últimos anos pelo "optimismo dominante" na actual situação do país.»

Comments

Anonymous said…
Neste pobre país é PROIBIDO ser bom trabalhador, mas honesto, isto desde o escriturário ao administrador.
Trabalhei como 1ª escriturária durante 35 anos numa empresa do ramo automóvel, pertencente a um Grupo Económico deste País. Neste espaço de tempo exerci algumas funções aonde fui muito bem sucedida, mas por inveja dos meus chefes e porque a empresa não lhes interessava trabalhadores que não lhes mereciam confiança para exercerem manobras contabilísticas / corrupção, nunca me deram a oportunidade de subir na carreira.
Nos últimos dez anos que trabalhei na empresa procuraram todos os meios possíveis para me desgastarem, para que eu tomasse a decisão de sair da empresa, pois fui: MARGINALIZADA, realizavam-se reuniões com os trabalhadores dos sectores a que eu pertencia e eu era proibida de participar.
EXCLUIDA, todos os trabalhadores tinham formação de informática e eu não, eram colegas que me explicavam depois o mínimo necessário para eu trabalhar. Era a única trabalhadora que não tinha impressora, pois tinha de me deslocar a gabinetes de colegas, para retirar os documentos que punha a sair nas impressoras delas.
HUMILHADA, enquanto os restantes trabalhadores tinham um gabinete digno, o meu mais parecia uma entulhada de papeladas, com caixotes cheios de papéis acima da superfície e pastas de arquivo no chão.
TORTURADA, trabalhava num gabinete aonde estava uma máquina de grandes dimensões que era alimentadora de todo o sistema informático das empresas do Grupo de toda a Região Norte, essa máquina trabalhando normalmente já fazia um ruído incomodativo, como eu me queixava desse ruído, resolveram pôr a máquina a fazer um ruído insuportável, a porta da máquina trepidava por causa do mesmo. Estive assim durante uma semana, nesses dias quando a noite ia dormir, parecia-me ouvir esse ruído, só colocaram a máquina com o ruído normal, quando um dos meus filhos foi lá para ver a minha situação.
Resisti a todo o desgaste que os corruptos me aplicaram, mas em Dezembro de 2008 fui despedida, porque a lei de trabalho em vigor favorecia os corruptos que só estavam interessados em trabalhadores do sistema.
Portugal jamais poderá prosperar enquanto as empresas agirem como aquela aonde trabalhei, pois preferem ter trabalhadores medíocres, mas que cooperem com a corrupção. Os bons trabalhadores, mas honestos que podem ajudar as empresas e o País a prosperar são tramados.

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